Findou-se o processo eleitoral do ano da graça de 2010 no território da República Federativa do Brasil. No balanço de quem ganhou ou de quem perdeu acho que todos ganharam, pois ganhar e perder é consequência do sistema democrático.
É óbvio que a democracia brasileira ainda precisa evoluir muito e muito, pois eu só acredito em democracia plena quando ela sustenta-se pelo livre acesso de todos à todo e qualquer patrimônio que democraticamente pertença a todos.
Me explico:
Não é pura a democracia quando a liberdade de escolha é sufocada e chantageada pelo roncar de barrigas que vivem no limite da dor da fome...
Não é livre o sistema democrático em que as escolhas são feitas ou pelas oligarquias perversas ou pela ignorância de um povo cujo acesso à cultura, saúde e educação é arrancado violentamente pelas mãos gordas dos corruptos que locupletam-se as custas da miséria da massa humilde e humilhada.
Mas... ainda prefiro uma democracia que engatinha e começa a aprender a ter voz, do que uma ditadura madura e poliglóta.
De qualquer forma, eu ganhei com as eleições.
Ganhei a experiência ímpar de trabalhar numa mesa receptora de votos. Meus amigos não acreditam, mas tenho em mãos uma declaração oficial da Justiça Eleitoral, dizendo que eu desempenhei com dedicação a função de segundo mesário nas eleições de 31 de outubro de 2010. E detalhe; Eu fiz questão disso.
Tá certo que eu era o último na hierarquia da seção, mas isso também pouco importou.
Tinha lá o Presidente Fábio. Jovem e dinâmico advogado e empresário, que com idealismo e destemor promoveu harmonicamente o pleito. Nosso Presidente administrou com paciência e rigor os ébrios e os empastelados pela farinha maldita que chegavam para votar naquelas primeiras horas daquele domingo chicoteado pelo precoce vento dos finados.
E tinha a Adelaide primeira mesária. A super mãe do Pedro e super parceira do marido Diniel foi a digna representante do sexo feminino naquela que seria a eleição em que no final, a protagonista foi uma mulher. A Adelaide supriu nossa seção de sensibilidade e função materna com a mesma competência e criatividade que administra a melhor casa de carnes que eu já conheci.
E tinha lá o José secretário. Pelo que vi, o José é o representante comercial mais querido e festejado de sua região. Homem com história de dor e superação, o José foi o melhor exemplo de cavalheirismo, educação e civilidade.
São meus novos amigos, e à eles, eu agradeço pelos momentos em que estivemos juntos e sensibilizado, me orgulho muito de ter sido deles o mais humilde servidor. Certamente, O Fábio, a Adelaide e o José, serão personagens importantes em todos os meus sonhos onde a verdadeira e pura democracia for o objeto de meus desejos.
Fraterno abraço
André
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