quarta-feira, 30 de setembro de 2009

El Diablo sabe por Viejo!

Hoje já é quarta feira e ainda não tinha encontrado  coragem suficiente para atualizar as publicações.
Mas tudo bem... hoje vai!
Mas preparem-se, pois vamos dividir angústias, e as que vou citar hoje, são apenas algumas que justificam a frase de meu perfil aqui no blog, onde se refere à minha não aceitação da realidade.
Mas... ei-la (a realidade).
1) O Collor ( aquele mesmo do "minha gente!! não me deixem só!!!") é o novo membro da Academia Alagoana de Letras, sem nunca ter escrito uma linha sequer que não fossem seus discursos. Vejam que não estamos falando dos discursos do Einsten, nem dos seminários de Lacan e muito menos das cartas do Freud. Estamos falando do Fernando Collor.
2) Idosa de 68 anos é presa em Porto Alegre por ser traficante "dona" de boca de fumo que vendia altas quantidade de crack. Não é sua primeira prisão, e ela já era bastante conhecida pela polícia. Comentam as línguas "bifurcadas" que muita gente boa, ao olhar aquela velhinha frágil e abandonada passeando na rua (na verdade gerenciando a boca), faziam parar o trânsito e a ajudavam a atravessar e ainda lhe beijavam a mão.
3) "O cara" de Honduras, entra na embaixada do Brasil em Tegucigalpa com mais de 60 caudilhos, sob os auspícios do caudilho chefe da latino américa, conhecido como Hugo O Grande Cara, e o nosso "O cara" daqui diz: " EU NÃO SABIA!!!!!!!"
4) Milhares de desabrigados no Rio Grande do Sul em virtude do clima. Tsunami  arrasa novamente regiões do Oceano Pacífico. Muitos mortos. Nesse caso, acho que a gente tem que parar de achar graça quando perguntamos aos nossos estudantes como preservar o meio ambiente e temos a resposta: "Divido o quarto com meu irmão. Cada um tem que cuidar de sua metade. Se eu manter minha parte limpa, estarei preservando o meio ambiente do quarto inteiro. Certo???"

Chega por hoje???

Com relação ao agora imortal Collor, nem sei o que dizer... Ou melhor... sei! O Sarney também é imortal e parece que na sua eleição para membro da Academia Brasileira de Letras ganhou do Mário Quintana. Tudo pode então!
E tem a coisa da velhinha traficante. Nisso me lembro de um gaudério sábio e velho que me diz:
"Doutorzinho... se barba branca fosse respeito, bode velho não haveria de ter chifres!"
Ah... e o Sarney também é velho! E o diabo também, como dizem "los hermanos"!

Não é de hoje que o Comandante Chavez tenta vender a doutrina dita de "bolivariana", e parece que desta vez, encontrou ou um cúmplice, ou um "fora do ar", ou um simplório  "cara"  que não tem a menor noção da roubada que se meteu. Oremos pois!

Meio ambiente??? Bem... vivo num país em que a maioria dos professores eram orientados na sua adolescência, à fugirem de livros muito grossos. "Principalmente aquele da Capital de um certo "Marques"......" como recomendava o sargento de plantão da patrulha do dops. 

Fraterno abraço
André 
                  
 

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Touro Sentado Ou General Custer? Pra quem torcer??

Eu acho que sempre fui meio subversivo. Lembro bem, que na infância sempre torcia pelos índios em suas guerras contra a 7ª cavalaria do General Custer. Naquele desenho animado onde o papa léguas sempre ganhava do coiote que acabava todo quebrado ou queimado, eu me indignava com a invariável vitória daquela ave perversa.
E naqueles filmes americanos (sempre eles!!!) em que o cenário é uma embaixada dos Estados Unidos, cercada pelo "odioso e temível" povo de alguma republiqueta do 3º mundo, e que aparece um "herói" com uniforme camuflado, sempre me perguntei:
- Mas o que os americanos tem a ver com isso???
Bem... hoje vejo que o povo de Honduras esta praticamente exigindo que os brasileiros saiam  de Tegucigalpa, e não interfiram na política local.
Livre pensador, sou contra todo tipo de golpismo e creio e vivo pelos princípios republicanos tendo como meta o Estado Democrático de Direito.
Mas ainda assim me pergunto:
- Mas o que o Brasil tem a ver com isso???
Ainda fico muito "P...", quando penso que nos duros anos pós 1964, tínhamos aqui no Brasil uma sucursal forte da famigerada CIA que entre outras coisas ditava aos "comandantes" de plantão, os parágrafos dos não menos famigerados Atos Institucionais, e ensinava como torturar os "terríveis" barbudos comedores de criancinhas.
Tudo bem que me replique:
-"Ah.... o governo brasileiro está apoiando um presidente vítima de golpe!"
E eu pergunto:
- Golpe de quem???
Da vontade popular que teve representação dos Poderes Judiciário e Legislativo locais???
Ou estamos apoiando um golpe do seu Chavez e do seu Evon que abertamente estão desencadeando idéias de ditaduras populares sustentadas pela fome e pela ignorância dos povos da latino américa???
Não sei...
Saudades dos tempos em que era fácil ser apenas subversivo torcendo para que os bravos guerreiros apaches e sioux vencessem a 7ª cavalaria do Diabo Loiro Custer.
Bom Fim de semana
Fraterno abraço
André
 

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Morte de Uma Cidade!

Hoje recebi um email de um amigo. Esse amigo, na minha opinião uma das mais brilhantes mentes e vozes que o Direito e a Justiça gaúcha tem, cada vez mais me chama a atenção pela sua sensibilidade e sobretudo pela maneira de demonstra-la.
Eis que, trocando idéias a cerca de uma cidade a qual ambos temos afeto especial, o grande advogado me escreve:
"Pois é, amigo André. XYZ do Centro (obviamente esse nome eu inventei porque vou propositalmente omitir o nome da cidade),hoje, é um vasto cemitério de pessoas vivas. Dormem, acordam, vestem-se, vão ao trabalho, mas é uma cidade de seres perdidos. Nada cresce, nada progride, apenas vegeta.  Esta manhã, na rádio Gaúcha, ouvi informes sobre o tempo de mais de 50 cidades. Nem falaram de XYZ do Centro. Ficamos ilhados, esquecidos, perdemos a auto-estima, a vontade de progredir. Pobre XYZ! Não encontrei em nenhum lugar algo como o nosso ......(aqui o advogado cita um lindo monumento artístico que existe na praça matriz da cidade).Mas nem isso festejamos mais. Tristeza."

Depois de ler o email de meu amigo, fiquei pensando como pode uma cidade morrer ou deixar de viver, e lembrei que tempos atrás, outros dois amigos me falaram que XYZ do Centro, deveria ir para o Divã.
Naqueles tempos, escrevi algumas crônicas, mas os editores locais me censuraram dizendo que meu texto era elitista, e que somente meia dúzia de pessoas entenderiam meus escritos.
Joguei fora as mais de 10 crônicas, mas, gostando da idéia, escrevi a série "Porto Alegre no Divã", que aliás andei publicando aqui no ano passado e que ainda está à disposição de quem quiser ler.
Entretando, vou reproduzir algumas coisas que escrevi na época e que foram classificadas de elitistas, para que meu amigo citado e os demais leitores possam saber do porque na minha opinião uma cidade morre ou deixa de viver.
Acho que tudo se origina da falta de estima popular, uma vez que a massa que deveria evoluir se escraviza ao não poder, e aos vícios culturais de uma burguesia falida e há muito ultrapassada em seus conceitos de sociedade.
Noto que em XYZ, o jovem que quiser estar dentro do contexto da dita "alta sociedade local", só será aceito pela dita, se dirigir carro zero (de preferência com placa de Porto Alegre), gostar de péssima música que em volumes estratosféricos poluem toda a cidade, especialmente  onde tenha Postos de Gasolina, e invariavelmente tem que ser da tribo daqueles adeptos do famigerado "pó de reboco".
No passado, os jovens de XYZ sonhavam apenas em se tornarem sargentos do exército ou funcionários do Banco do Brasil.
Também vejo que o povo de XYZ, não se dá o devido respeito e acho que nem sabe da força que pode ter um povo que se forma a partir de sua cidadania.
Todos dão muita importância à questão de nomes. Por exemplo: Ouço dizer que XYZ, existem apenas 3 sobrenomes que são importantes, e o resto é pura vassalagem que segue a rotina conforme a vontade do senhor de cada um dos 3 feudos.
Corre a língua solta, que pela vontade dos senhores feudais locais, até bem pouco tempo atrás um ser extraordinário, mago, bruxo, sei lá, mandava em tudo. Ele detinha a chave do cofre do povo, mas só do cofre do povo, pois os cofres dos burgos dependiam de outras esferas, como o crédito rural do Banco do Brasil. Parece que até museu do além e aeroporto da ET o tal alcáide pretendia fazer.
Menos mal, que o mago se foi. Deixou o cofre do povo vazio. Mas se foi.
Em XYZ, existe uma forte aversão ao novo. Vejamos:
Nada funciona do meio dia até às 13.30. E depois das 20 horas, pouco se vê. E o que se vê não é legal, pois se vê andarilhos escravos do crack habitando as abandonadas praças, e alguns pedintes ambulantes que pensam num jeito de arrumar dinheiro pra também se tornarem escravos da pedra maldita.
Comércio aberto fim de semana???? Nem pensar!!! E se for decisão judicial, daremos um jeito de burla-la, afinal o domingo é sagrado pra se afogar na caña e sequer sonhar com um mundo melhor.
É verdade.... caríssimo Doutor. TRISTEZA.
Mas... ainda acredito que outros nomes vão aparecer ou se fazerem notar. Nomes que carreguem consigo os sobrenomes de LIBERDADE, IGUALDADE E HUMANIDADE, e que não sejam meros dizeres esquecidos numa sagrada bandeira que é desfraldada apenas nos 20 de setembro do alto de um cavalo cagão.
E que estes nomes germinem que nem erva daninha braba, e que depois de crescidos todos saibam que na verdade, são belas flores da campanha.

Fraterno abraço
André                 

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A Semana Farroupilha!

Estamos em pleno Setembro. O Rio Grande comemora nesta época, o decênio heróico que é marca e tarca da história gaúcha. A Guerra dos Farrapos foi um referencial definitivo do Estado mais meridional do Brasil.
Mas... vamos tocando em frente ...
Tenho um amigo muito querido, e de longa data tenho aprendido com ele coisas de um Rio Grande do Sul visto de uma maneira lúdica e poética.
Me refiro ao músico, jornalista e grande figura humana, Elton Saldanha, ou ainda como os amigos o chamam, o Piá Benício do Itaqui...
Pois num setembro chuvoso, o Benício me convenceu a visitar o acampamento farroupilha, referencial espaço folclórico e tradicional do parque da Harmonia no centro de Porto Alegre.
Caminhamos pelo acampamento, e fiquei maravilhado com toda aquela estrutura e com todo aquele comprometimento cívico que só acredito que exista no Rio Grande do Sul.
O Benício se foi a lo largo, em busca do Calypso, seu cavalo que já andava aquerenciado no espaço do pessoal do Mena Quevedo e eu fiquei por ali... observando o movimento.
Me chamou a atenção, um menino de seus 8 ou 9 anos, que solitário trançava ao seu modo 3 tiras fininhas de couro. A disciplina do guri era espartana. Me aproximei...Puxei assunto. Soube que estava acampado com a família há mais de 20 dias, e já estava triste com o eminente momento de voltar ao apartamento da família e a sua rotina.
Fiquei pensando no que inspirava aquele menino na sua devoção farroupilha.
Passou pela minha cabeça, que aquele menino representava na verdade, a liderança de Bento Gonçalves o general libertário, que desde a Cisplatina defendia princípios republicanos e à frente de seu tempo.
Ou então aquele guri urbano e campeiro, representasse os bravos Gomes Jardim e Onofre Pires, combatentes sequiosos de justiça, próceres do movimento farroupilha.
Talvez Garibaldi, guerreiro corsário, herói de vários mundos que pelas águas e pelas coxilhas carregava no seu navio libertador, os ideais republicanos.
Ou ainda o (na minha opinião o maior dos heróis) grande general Antônio Neto que no campo dos Meneses em 11 de setembro de 1836, às margens do Jaguarão Chico, proclamou a república com a seguinte citação:
"Camaradas! Nós que compomos a 1ª Brigada do exército liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como proclamamos, a independência desta província, a qual fica desligada das demais do Império e forma um Estado livre e independente, com o título de REPÚBLICA RIO-GRANDENSE e cujo manifesto às nações civilizadas se fará oportunamente. Camaradas! Gritemos pela primeira vez: Viva a República Rio-Grandense! Viva a Independência! Viva o exército republicano rio-grandense!"
......
Sai de meu devaneio ancestral quando o guri estava terminando seu laço trançado...e perguntei pra ele qual seria seu herói preferido. Seria Bento? Garibaldi? Neto???
O menino parou... me enquadrou... e por fim sentenciou:
- Olha tchê... meu herói mesmo é o Elton Saldanha!!!!
Eu devo ter feito uma cara de pastel tão evidente que provocou a pronta explicação do guri guasqueiro:
"- O Elton é "o cara" tchê!!!
Anda naquele baita caminhonetão vermelho e lindo... tem o mais lindo BT( cavalo crioulo) da Estância da Harmonia....deve ganhar um monte de dinheiro... e mais: se quisesse "pegava" todas as gurias da região sul, incluíndo as catarinas e paranaenses...." 
Depois de me arrancar uma gargalhada redentora, o guri ainda saiu gingando como se galopasse e cantando a música do Piá Benício:
"Eu sou do Sul... é só olhar pra ver que eu sou do Sul... a minha terra tem o céu azul... é só olhar e ver!"

Fraterno abraço
André
        

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Dia do (mico) Brasil no (perverso) Tio Sam!

Vou ter que falar... novamente!
Voces assistiram no domingo passado o show promovido pela Globo em Nova York, comemorando 25 anos de Brazilian Day???
De cara apareceu aquela moça Regina Casé, estimulando aos partícipes que mostrassem à todos, diretamente da capital do mundo (palavras dela), como era ser brasileiro. E de cara surge uma dupla sertaneja(???) sendo inclusive ovacionada pelos novaiorquinos (?) no refrão de seu "hit".
Tá. Veio a Elba depois... Mas pra quem viu a Elba Ramalho interpretando "O meu amor" na peça do Chico "A Ópera do Malandro", ver a danada desafinando daquele jeito foi dose pra hiena. Hiena sim, pois a dita é aquele bixinho que come carne podre a ainda dá risada...
Tá. Teve a Alcione e o Arlindo Cruz legítimos representantes do partido alto que é a mais pura manifestação musical da cultura brasileira. Acho que ambos estavam meio bêbados...
Bem... chega!!! Não vou relatar todo o show.
Contudo, vou falar.
Eu tenho um sonho de quem sabe mostrar ao mundo como é ser brasileiro.
Queria poder mostrar que somos capazes de desenvolver teoremas científicos nas áreas da saúde, economia, biologia e até astro física sem depender os famigerados repasses de tecnologias obsoletas e que nós insistimos em mendigar.
Queria que o mundo (e eu iria preferir que ele não começasse nem terminasse em NY) soubesse que nossa cultura não se restringe somente as sub culturas que sobreviveram aos trancos e barrancos em nichos de favelados e desiludidos.
Queria que naquele domingo, quem estivesse no alto do prédio do Chase Manhatam Bank ( lembram de onde foi o show né?), reparasse que na praça, (no caso nos arredores do central park) não estava aglutinado um bando de macacos saltadores que é como o pessoal de Wall Street se refere quando tem que falar de trabalhadores brasileiros, explorados e que aceitam a miséria que os americanos desprezam.
Mas tudo bem. Desde que fique claro, que aquela festa não representava o POVO brasileiro.
Me dizem agora que ano passado, o "espetáculo" teve a presença da tal Banda Calypso????!!!!
Tá bem... Tá bem... e não posso deixar de citar Geraldo Vandré:
"Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola,
Vou deixar você de lado,
Vou cantar noutro lugar."

Fraterno abraço
André     

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Infinita Estupidez Humana!

Era uma manhã como outra qualquer naquele 11 de setembro de 2001 em Porto Alegre.
Lembro que eu estava lendo "Totemismo Hoje", a obra antológica do Lévi-Strauss.
O telefone toca. Era alguém que aos gritos mandava eu ligar a TV e ver que estavam atacando os Estados Unidos.
Quando liguei, o primeiro avião já tinha atingido a torre leste do World Trade Center.
O atentado estava sendo transmitido ao vivo, e fiquei sem piscar na frente da maquininha de fazer idiotas que naquele dia em especial transmitia com a perversidade de fazer loucos.
Não acreditei quando vi o segundo avião entrando na segunda torre.
Pensei que fosse um replay da imagem anterior.
Tragédia humana que hoje faz aniversário.
Passados oito anos, alguém ainda não sabe quem foi o responsável???
Eu particularmente tenho lá minhas dúvidas.
Osama, Kadafi... ou mesmo o próprio Bush??
Quem sabe...
Não preciso saber de nomes... só preciso saber, que somados à tantos outros atentados ocorridos e que tiraram vidas de americanos, europeus, judeus, islâmicos, a responsabilidade sempre é a mesma: A estupidez humana, que aliás como Einsten disse, é infinita.

Fraterno Abraço
André 

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Águia caída e a Camaleoa salvadora!

Me lembro com exatidão daquela manhã de 9 setembro. Fazem exatamente 12 meses. Morador da Assunção, iniciei minha rotina diária descendo de carro pela Rua Bororó, pegando a Avenida Guaíba, e foi ali na frente do Veleiros do Sul que começou a cair minhas fichas.
A agenda de minhas atividades clínicas e pessoais estava lotada. Meus projetos estavam à mil, e eu voava à mais de 100 rumo ao cotidiano que eu tanto prezava.
Na minha cabeça enquanto dirigia, refazia a agenda pensando no primeiro paciente daquela manhã de sol pintada na orla do velho Guaíba.
Foi quando o carro parou. Bem no portão do Veleiros... o carro parou!
Claro que isso é simbólico, mas aquele carro parado por vontade dele mesmo, produziu em mim uma certeza ((in) consciente??)  de que o limite de meu voo havia chegado.
Impotente, pedi socorro. E o socorro me atendeu.
O meu socorro naquela hora, veio em forma de camaleoa, correndo loura e linda num joggin preto e uma camiseta branca calçando tênis de correr brancos com detalhes em rosa.
Fiquei pasmado vendo ela correndo, subindo a Av Guaíba, e a força e velocidade dela, eram antagônicas ao que eu estava sentindo e vivendo naquele momento.
Ali eu vi que tal a águia no fim da primeira metade de sua vida, eu tinha chegado no limite.
Estava impossibilitado de tudo, pois meu bico de águia tinha se fechado e não podia roer minhas garras que crescidas e envelhecidas impossibilitavam a renovação de minhas penas.
Senti que o carro parado, na verdade era o fim de meu voo e a queda começara.
Ainda em queda, a camaleoa me amparou.
E foi ela quem me fez ver que a única maneira de revoar, era escolher uma montanha pedregosa qualquer, para tentar começar o segundo ciclo de minha vida.
E ela nunca esteve distante enquanto eu tomava a melancólica decisão de bater com o bico velho na pedra, quebrá-lo todo, e ter paciência para que o bico novo nascesse.
E ela estava lá quando de bico renovado, roí as garras velhas até sangrarem os dedos na esperança de que novas garras viessem.
E quando as garras novas vieram, a camaleoa me encarojou à usá-las para arrancar sem pena, todas as penas velhas.
Acho que agora, tal como a águia, estou na época de esperar a chegada das penas que depois de reformadas vão me alçar à novos voos, e a novas alturas.
Neste período, mesmo eu distante muitas vezes, a camaleoa estava sempre me amparando...
O carro??? Ah... era só a mangueira da gasolina que se soltou...
A águia??? só um símbolo... assim como o carro enguiçado na frente do Veleiros.
A camaleoa??? Ela EXISTE! ESTÁ COMIGO!!!!!!!!!
E juntos podemos ser observados neste momento de mudança de plumas... E juntos, seremos observados em nosso voo panorâmico nas manhãs primaveris de uma beira de rio.

Fraterno abraço
André        

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Desculpem a Ignorância!

Não quero me meter de pato a ganso, mas hoje vou dar uma "viajada" por áreas alheias à mim e vou assim comentar alguns aspectos que certamente reverberará com antipatia. Mas... que fazer??? Não sou um repolho, e por ser um ser pensante, me dou o direito de ter certas dúvidas e por conseguinte questionamentos,por mais antipático que eu possa parecer.
Vejamos:
Questão 1:
Vivemos num país em guerra. Ou não??
Os números dizem que existem mais homicídios diários no Brasil do que em países que estão em guerra permanentemente, como o Afeganistão, Iraque, Líbano, etc...
Sabe-se que as instituições estatais, inclusive a polícia e o sistema judicial, não estão estruturalmente nem perto das estruturas do crime organizado sendo que várias comunidades brasileiras são ocupadas, sustentadas e administradas pelo tráfico de drogas.
Questão 2:
Vivemos num país democrático, onde o conceito é de ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. Ou não??
Os presídios brasileiros estão abarrotados de gente que sequer foi julgada. Existem milhares de presos que já cumpriram suas penas e ainda habitam o imundo cárcere.
Centanas de milhares de processos arrastam-se de gaveta em gaveta à espera de Justiça, sendo que o Direito existe num outro tempo, e isso faz com que na maioria das vezes, o próprio Direito se opõe à Justiça, o que diga-se de passagem é um paradoxo, pois o Direito deveria ser o caminho que deveria buscar a Justiça.
Questão 3:
Será que é em virtude dessas circunstâncias todas que se justifica o investimento de 35 bilhões em armas de guerra compradas da França??
Ahhhh!!!!.... Isso é para garantir a segurança do petróleo que está no pré sal???
Desculpem a ignorância...
Vou debater isso com o brigadiano que sobe morro abaixo de bala e tem que fazer bico de servente de pedreiro pra sustentar seus filhos.
Vou conversar com o juiz que tem à seu cargo processos que deveríam ser trabalho de 50 juízes.
Vou conversar com o professor...e seus 500 reais(??) mais o vale fome, e que ainda leva cusparada de traficante na porta da escola.
Desculpem a ignorância... Vou me informar, e volto ao assunto.
Fraterno abraço
André           

sábado, 5 de setembro de 2009

Os erros do "SUPOSTO" saber!

A prática da psicanálise clínica tem me feito muito bem nestes mais de 9 anos de dedicação exclusiva. A escuta analítica, além de ser terapêutica, e via de regra destinada ao benefício do paciente na compreensão de seus conflitos, pelo menos no meu caso, ajuda ao próprio analista na reformulação de seus conflitos pessoais. Explico:
Em 2004, quando criamos (eu e meu sócio) a Clínica Psicanalítica, mais do que estabelecer uma empresa, entramos de cabeça num projeto que nasceu de um ideal visto por muitos, como um delírio de dois doidos perdulários. Um delírio lindo, mas ainda assim um delírio.
Tínhamos a pretensão de levar a opção do tratamento psicanalítico à todos aqueles que jamais teriam acesso uma vez que a Psicanálise, sempre foi uma prática destinada às elites, e no nosso projeto, teríamos condições de atender todas as camadas sociais, mesmo aquelas com dificuldades até para acessar o mais básico dos serviços de saúde.
E nosso delírio materializou-se. E daí.... surge a explicação de como a prática clínica ajudou-me a melhorar até mesmo minha capacidade de ouvir. Ou seja, aprendi com pacientes a ser melhor no meu ofício.
Começamos atender funcionários de uma instituição financeira (um dos maiores bancos do país), e nosso serviço alcançava à todos. Do presidente ao responsável pela limpeza. E foi assim que surgiu a Maria (nome obviamente fictício) na minha vida, e de paciente a mestre, me fez ver o quanto eu era babaca e preconceituoso antes dela ocupar meu divã.
Maria, que laborava fazendo cafés e faxinas, chegou no consultório cheia de demandas. Seu marido não era carinhoso e ficava mais tempo no bar do que efetivando e afetivando o casamento de quase 30 anos. E ela falou:
- " Doutor...pro senhor ter ideia, no final de semana, fomos pra praia numa excursão  do pessoal do banco. Ficamos naquele camping ali da praia da Guarita e tudo estava legal até quando ele descobriu que no meio do terreno tinha uma bodega que servia caipirinha a 1 real... e se mandou a la cria!
Fiz um carreteirinho com carinho, pimenta e salsa, como ele gostava, e cheguei até a queimar o braço naquele liquinho que só dava pra uma panela, e ao meio dia mandei meu mais novo ir buscar o pai no boteco. E mandei mais 3 vezes... todos os filhos... primeiro mandei o Maicon, depois o Uóchinton, e por último mandei a pobrezinha da Jenifer... E o danado não veio.
O carreteiro secou... o arroz empapou... e fiquei ali na frente da barraca brincando com as crianças até que ele resolvesse vir e nos levar para o banho de mar. Ate que veio. Veio e assim que chegou eu falei. Na verdade comecei a xingar, porque afinal, achei injusto comigo e as crianças que ele ficasse no boteco ao invés de estarmos na beira da água, naquela beleza de Torres. Sabe o que o desaforado fez doutor???? Deu uma risadinha e me jogou a bóia!!!! Pode isso?????"
Do alto de meu "saber", tirei os óculos e pedantemente (herança de Lacan???) fiz a intervenção incentivando questionamentos:
-" Mas dona Maria... quem sabe a senhora não exagerou? Não creio que seu marido lhe desagravou nem ofendeu... Vocês estavam na praia, relaxados... brincando na frente da barraca. Eu acho que ele queria entrar na brincadeira, e sorridente lhe jogou a bóia convidando-lhe assim para irem para o mar... Beira de praia tem tudo a ver com bóia, bola, etc... "
Maria levantou-se bruscamente do divã.... puxou a calça até a altura do joelho e me mostrou um corte na altura da canela, e sentenciou gritando:
-" DOUTOR!!! NÃO VÊ QUE ELE ME ATIROU A PANELA DE BÓIA????? A PANELA DO RICO CARRETEIRINHO QUE EU FIZ PRO SAFADO?????!!!!!"
Obrigado e perdão Dona Maria... me ensinaste que para ajudar na dissolução dos conflitos, o psicanalista deve despir-se de seu suposto saber, e saber sim,  ouvir todas as linguagens. Principalmente daqueles que sofrem, e por não terem a voz dita como convencional, não são ouvidos na sua essência.     
Fraterno abraço
André  
     
    

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Psicopatia: O Plus da Novela!

Em tempos em que as psicopatologias viraram tema de novela e que na minha opinião, são discutidas debilmente e levadas ao público de uma maneira irresponsável, me auto recruto para aprofundar um pouco mais o tema com meus amigos daqui, e que oxalá, estes sejam difusores de uma discussão absolutamente importante para o contexto atual.
Precisamos esclarecer o uso que fazemos do termo psicopatia.
Recorrendo ao Dicionário Aurélio, o leitor leigo que quer se familiarizar com este conceito depara-se com três acepções possíveis:
1. designação comum às doenças mentais;
2. estado mental patológico caracterizado por desvios, sobretudo caracterológicos, que acarretam comportamentos anti-sociais;
3. psicose.
Ao meu juízo, o que interessa aqui é a psicopatia em seu sentido específico, ou seja, a segunda acepção acima. A generalização para as doenças mentais se justifica etimologicamente ( psico+pat+ia).
Em psicanálise, o interesse no estudo das afecções mentais inicidiu primeiramente naquelas diretamente acessíveis à investigação analítica,e, dentro desse campo mais restrito que o da psiquiatria, as principais distinções são as que se estabelecem entre as perversões, as neuroses e as psicoses. Para a psicanálise, portanto, a psicopatia não entra na categoria das psicoses.
Apesar de não ser um tipo de paciente comum em consultório ( "graças a deus!", diriam alguns), é importante saber reconhecer a dinâmica e as características de personalidade do psicopata. Principalmente por ser ele um grande dissimulador. O diagnóstico de psicopatia deve ser preciso, pois pode se tornar um rótulo pelo qual o indivíduo sofrerá consequências jurídicas sérias. Também o fará ser visto como praticamente inelegível para qualquer tipo de intervenção clínica.
Freud abordou a psicopatia em sua obra "Tipos psicopáticos no palco" (1905). Lá o velho Sig está interessado em demonstrar os mecanismos psicológicos implícitos na apreciação de uma obra de arte, especificamente de uma peça teatral. Freud nos chama a atenção para o fato de que o teatro se originou nos ritos sacrificiais ( vide o bode expiatório ) no culto dos deuses, portanto tendo uma função catártica à medida que o personagem que sofre no palco libera parte do sofrimento comum a todos. É neste contexto que Freud analisa a peça Hamlet de Shakespeare, dizendo que " O Herói não é psicopata, mas somente se torna psicopata no decorrer da ação da peça", justificando, que por este motivo, o fato de que, ao participarmos do processo que leva Hamlet à sua "loucura", nos identificamos com ele e baixamos nossa própria resistência em reconhecer o conflito incosciente em jogo. Explicando:
Recordemos que Hamlet recebe uma ordem de seu pai, que lhe aparece na forma de fantasma, para que vingue a sua morte. Seu tio o havia assassinado e usurpado o trono, casando-se com a rainha (sua mãe). Para Freud, este drama ilustra o desejo de incesto presente no Complexo de Édipo, pelo qual Hamlet se identifica com o tio e revive seu conflito.

Portanto meu amigos, tenham todos um bom final de semana...
Fraterno abraço
André