quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Prenúncios de um Verão!

Nessa metade de novembro já sinto que o verão está se prenunciando. E mesmo atacado pelos demônios de minhas alergias primaveris vivo um momento de absoluto preparo para o verão que se avizinha.
Por certo ficarei dividido entre o desejo de permanecer sentindo o quente da areia e o frescor das ondas, e a necessidade das responsabilidades que crescem numa progressão geométrica com o advento do próximo solstício.
Já evoquei aqui, e evoco novamente o "São Oswaldo Montenegro" que profetiza:

"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio..."

Porque toda a mudança é traumática e os ambientes podem muito bem ser acolhedores como podem ser redutos  de sintomas que nunca senti e por isso não saberei identificá-los e...

"Que a morte de tudo que eu acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio..."

Porque o novo sempre vem (como disse o Belchior), não tenho certeza de ser capaz de domar os novos demônios que certamente surgirão e que minha tarefa mais difícil será identificá-los, e domados ou não terei que conviver com eles, porque vou desejar ...

" Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas 
Como a única coisa que resta  a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo..."

Porque por mais encantador que seja o brilho do sol, devo ter a convicção de que ele não é o deus dos Incas e Astecas mas pode sim produzir efeitos devastadores, e que se isso acontecer...

"Que a minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão..."

E tomara que eu não tenha que decidir entre fazer o bem ou o mal, porque se tiver de escolher entre o caminho do Direito e o caminho da Justiça, certamente vou optar pela segunda, e assim terei que honrar minha decisão em nome de tudo aquilo que me fez ser o que sou e assim...

" Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é lembrança do que fui
A outra metade não sei..."

Penso que no verão, será exigido de mim bem mais do que tentar prever se a chuva vai atrapalhar ou abrilhantar o banho de mar. E de tudo, pelo meu ateísmo, acho que meus apelos não serão atendidos pelos deuses da terra e da água, mas mesmo assim, não serão poucas minhas oferendas a Iemanjá e Ogum, e certamente na beira da água do reveillon, vestindo todo o branco do mundo, vou desejar ...

"Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito  
E que o silêncio me fale cada vez mais  
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço..."

E, se no verão, entre uma e outra tempestade vespertina eu enlouquecer e decepcionar...

" Que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também!"

Fraterno abraço 
André  
P.S.: Juntei no texto acima, pedaços do poema METADE do Oswaldo Montenegro. 

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Rescaldo das Eleições II

Findou-se o processo eleitoral do ano da graça de 2010 no território da República Federativa do Brasil. No balanço de quem ganhou ou de quem perdeu acho que todos ganharam, pois ganhar e perder é consequência do sistema democrático.
É óbvio que a democracia brasileira ainda precisa evoluir muito e muito, pois eu só acredito em democracia plena quando ela sustenta-se pelo livre acesso de todos à todo e qualquer patrimônio que democraticamente pertença a todos. 
Me explico:
Não é pura a democracia quando a liberdade de escolha é sufocada e chantageada pelo roncar de barrigas que vivem no limite da dor da fome...
Não é livre o sistema democrático em que as escolhas são feitas ou pelas oligarquias perversas ou pela ignorância de um povo cujo acesso à cultura, saúde e educação é arrancado violentamente pelas mãos gordas dos corruptos que locupletam-se as custas da miséria da massa humilde e humilhada.
Mas... ainda prefiro uma democracia que engatinha e  começa a aprender a ter voz, do que uma ditadura madura e poliglóta.
De qualquer forma, eu ganhei com as eleições.
Ganhei a experiência ímpar de trabalhar numa mesa receptora de votos. Meus amigos não acreditam, mas tenho em mãos uma declaração oficial da Justiça Eleitoral, dizendo que eu desempenhei com dedicação a função de segundo mesário nas eleições de 31 de outubro de 2010. E detalhe; Eu fiz questão disso.
Tá certo que eu era o último na hierarquia da seção, mas isso também pouco importou.
Tinha lá o Presidente Fábio. Jovem e dinâmico advogado e empresário, que com idealismo e destemor promoveu  harmonicamente o pleito. Nosso Presidente administrou com paciência e rigor os ébrios e os empastelados pela farinha maldita que chegavam para votar naquelas primeiras horas daquele domingo chicoteado pelo precoce vento dos finados.
E tinha a Adelaide primeira mesária. A super mãe do Pedro e super parceira do marido Diniel foi a digna representante do sexo feminino naquela que seria a eleição em que no final, a protagonista foi uma mulher. A Adelaide supriu nossa seção de sensibilidade e função materna com a mesma competência e criatividade que administra a melhor casa de carnes que eu já conheci.
E tinha lá o José secretário. Pelo que vi, o José é o representante comercial mais querido e festejado de sua região. Homem com história de dor e superação, o José foi o melhor exemplo de cavalheirismo, educação e civilidade.
São meus novos amigos, e à eles, eu agradeço pelos momentos em que estivemos juntos e sensibilizado, me orgulho muito de ter sido deles o mais humilde servidor. Certamente, O Fábio, a Adelaide e o José, serão personagens importantes em todos os meus sonhos onde a verdadeira e pura democracia for o objeto de meus desejos.

Fraterno abraço
André