quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Agosto del diablo viejo!

Lá se vai o Agosto se despedindo com dias de primavera no sul do mundo. Os especialistas dizem que o Setembro vai trazer mais frio.
Ontem, vi a lua cheia que estava vermelha. Vermelha pela fumaça produzida pela quantidade enorme de desgraçadas queimadas que somam-se em todo o território brasileiro. Quisera eu que a lua estivesse vermelha saudando meu Inter, campeão da Libertadores.  
Eu que não creio, peço a deus por minha gente... Acho que já passou da hora de termos adquirido consciência ambiental...enfim!
Sempre gostei e acreditei no novo. Acho, como já contou Belchior, que o novo sempre vem, e estarmos vinculados aos mesmos ídolos de nossos pais só vai nos mostrar ali adiante que estes estão em casa, guardados por deus contando o vil metal.
Mas... "El diablo sabe por diablo, pero mas sabe por viejo!!!"
Então, acredito que toda a experiência de vida é válida, sobretudo se aprender-mos com base nos erros do passado, para que nosso futuro seja realmente novo e de esperança.
Por isso, quando Setembro entrar, quero que todas as minhas flores explodam pelos meus jardins e pelas minha alamedas.
Não vejo a hora de poder acompanhar o alarido frenético dos beija flores em busca do néctar das pitangueiras, larajeiras e pessegueiros floridos.
Não vejo a hora de chegar Setembro, e que se vá esse Agosto brado que os pario. Agosto da polícia filipina que resolve o sequestro matando os reféns. Agosto do tarado do Irã (e de seus amigos e companheiros) cujo maior prazer é apedrejar e lapidar mulheres sob a suposta égide saneadora da "deplorável civilização judaico cristã ocidental".
Que venha o Setembro da primavera que me dá vontade de voltar para um lugar onde nunca estive... para a Passárgada de meus sonhos onde sou amigo do rei.
Esperaças enfim, num setembro que na verdade só existe no imaginário de minhas fantasias, assim como o lugar que nunca estive  e que pretendo voltar... assim como a Passárgada e seu rei.
Mas... que bom que tudo isso está ai... e que o Agosto já está indo embora... 
Pelo menos, não teremos Agosto até o ano que vem...(muitos risos)
Fraterno abraço
André

          
    

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Pequeno Burguês No Inverno da Província!

Recentemente encontrei um velho amigo no Super Mercado. Médico célebre, intelectual com crônicas de sucesso, na minha opinião um dos ícones da cardiologia moderna, meu amigo é a imagem da simpatia em forma de gente.
Falamos do quanto (nós gaúchos) gostamos da "província" e o quanto ela nos aconchega e reconforta. Falamos do frio que de certa forma caracteriza a têmpera do homem do sul e dai eu acho que tive um rompante digno de pequeno burguês metido à besta, pois naturalmente (?!) eu falei que nestes dias de muito frio, me bastava a casa com lareira ascesa e um cálice generoso de cabernet sauvignon.  Nos despedimos, e já no carro, manobrando no estacionamento, eu pensei e eu mesmo me mandei ao raio que me partisse.
Como pode um cara que busca entender a frágil alma humana e que por consequência de seu ofício tenta ser consolador das dores das pessoas, falar que lhe basta uma lareira ascesa e vinho chileno para as noites do inverno provinciano???
Omito o nome do meu amigo por razões óbvias de preservação dele, e imaginei que se ele pensasse que eu me transfornei num babaca fútil, eu mesmo o avalizaria em sua tese.
Guiei até em casa pensando naquilo e martirizando a mim mesmo. Percebi que estava realmente frio pois as pessoas nas paradas de ônibus estavam encasacadas e batiam os pés para espantar a sensação gelada. O ar condicionado do carro me deixava numa situação agradável, mas eu percebi que estava frio.
Não saia da minha cabeça a babaquice burguesa na fila do caixa...
Em casa, o fogo da lareira já estava vivo e da porta do carro até a porta da casa, senti o gelo do agosto riograndense...
Ainda abalado com minha insensibilidade social, manipulando três controles remotos, já sentado no meu sofá predileto, liguei uma tela de tv que ocupa metade de uma parede, e pensei em selecionar entre meus arquivos de vídeo, algum que me resgatasse de meu rompante pequeno burguês. 
Escolhi o vídeo em que traz o Jair Rodrigues, defendendo no festival, a Disparada do Geraldo Vandré.
Ele começa:

"Prepare seu coração pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar..."

Pensei que eu não era digno da música do Vandré, pois eu não vinha do sertão e mesmo assim insistia em contar coisas que não agradam. Mas deixei rolar...
   
" Então não pude seguir, valente lugar tenente
De dono de gado e gente,
porque gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata
mas com gente é diferente..."

Cacete... pensei eu! Me enchi de culpa ao mesmo tempo em que enchia o copo com o cabernet sauvignon chileno. Eu precisava da calma que viria do vinho... e segue a música compassada com os maxilares de um burro...

"Na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu, por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe que eu!"

Não sei ao certo, mas acho que lágrimas desoladas começaram a cair sob meu rosto que eu amanhã vou ter de polir com lustra móveis ou oléo de peroba...
Pensei nas pessoas com frio e com fome e me calei com a boca de filé grelhado com sete ervas e arroz selvagem cozido com cogumelos, enquanto o home teather reproduzia em qualidade quadrifônica pelos 6 cantos da sala:

"Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei." 

Pedindo perdão pela ironia, desejo um bom final de semana...
P.S.: Pode nevar no RS neste final de semana. Alguém sabe de algum hotel com vagas na serra?

Fraterno Abraço
André  




       

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O GAUDÉRIO SOCIALISTA CRENTE!

Tudo bem!! Me desculpem pelos dias em que não publiquei. Estou envolvido em projetos de cunho profissional e acadêmico, mas agora, tudo serenado, volto a publicar no mínimo semanalmente.
Então... segue o baile!
Tchê guris e gurias!!!! Acho que essa estrela gigante que descobriram recentemente está afetando a coerência humana. Ou, peremptoriamente, eu sou um retardado que está iludido desde sempre.
Me explico:
Desde criança minha simpatia e afetividade pelas esquerdas libertárias sempre estiveram explícitas. Nos filmes americanos da idolatrada 7ª cavalaria do Custer, eu sempre torcia para que os índios ganhassem, e sempre preferi Cavalo Doido e Touro Sentado ao famigerado general.
Mesmo no comum desejo armamentista de guri (todo menino quer ser soldado), quando me perguntavam o que eu queria ser, respondia: "Soldado e GAITEIRO DA ZONA"(saudades de meu velho pai que me ensinou esse bordão)!
Não podendo ser diferente, na segunda metade da década de 70, ainda adolescente (naquilo que chamavam de segundo grau escolar) , eu já militava a esquerda do Brasil.
Um velho médico de nome Luiz, que tinha um prédio no centro, perto da Praça da Alfândega, cedeu o espaço (que era embaixo da escada, numa sala de máquinas) para que os "subversivos comunistas" se reunissem. 
Lembro que eu era o mais novo e nas reuniões de quinta à noite, vinham os rapazes mais velhos (universitários) para doutrina esquerdista.
O pessoal do exílio estava voltando para o Brasil,  e o clima era de euforia pela aberturinha que a ditadura estava começando a produzir(!? não acredito nisso, pois democracia não é coisa pra qualquer João dar... democracia é desejo e vontade do povo, e só o povo conquista).
E naquelas noites de quinta, debatíamos a teoria de Marx, as teorias revolucionárias do Chê, a revolução francesa e até a constituição dos Estados Unidos. Queríamos viver num país livre e democrático, onde os direitos e as leis fossem para todos, assim como o pão e a cultura.
Lembro que na escola, essa coisa toda era nítidamente verificada. Tinha a turma dos subversivos e a turma dos alienados. Os primeiros eram identificados porque sempre estavam portando livros que haviam sido proibidos ou que eram censurados. Os segundos eram os queridinhos dos padres do colégio, e eram os bambambans nos esportes. 
Tinha um professor de geometria, que era militar aposentado e malvado ao extremo. Era perverso mesmo. Imagina um professor de geometria perverso??? O supra sumo da tortura!!!!!
Eu criei uma alcunha pro dito: Agente do Dops!
Um dia, resolvi irritar o cara. Na saída da sala, quando deveria mostrar ao agente do dops os exercícios feitos, premeditadamente (como um criminoso) tirei um livro antes do caderno e botei na mesa à pretexto de procurar o caderno dentro da pasta. Título do livro: SANDINO - O GENERAL DE HOMENS LIVRES. Era o relato da revolução sandinista. 
O professor ficou vermelho, e eu fiquei com medo. Pensei que o cara fosse me bater. Mas o cara engoliu seco e me deixou em paz ( eu acho que os padres do colégio freavam um pouco as explosões docentes, afinal era colégio pago, etc...).
Mas então, numa daquelas noite de quinta, quando falávamos que o pensamento socialista tinha que ser laico, materialista e etc, eis que surge uma figura que jamais esquecerei. O nome esqueci, mas o jeitão e a estampa jamais.
Era bem mais velho que todos e devia andar pela casa dos trinta anos. Apareceu vestido de bota, bombacha, lenço vermelho no pescoço e um chapéu de abas largas, e trazia consigo o mate pronto e uma garrafa térmica com água quente, e já foi diretamente ao ponto:
- É aqui que se junta o pessoal do MDB que não gosta dos milicos???? 
Gelamos todos. Pensei que a casa tinha caído e que aquilo só podia ser um agente do dops e que iria passar a madrugada no pau de arara da delegacia da  Rua Riachuelo.
O coordenador do grupo, um alemãozinho que fazia engenharia, tremendo, saiu na frente dizendo que éramos um grupo de estudos, e que alí debatiamos a abertura política no Brasil, e etc...
O personagem troveja entre um gole e outro de chimarrão:
- Pois então estou no lugar certo. Sou metalúrgico e dizem que um colega meu de São Paulo é do grupo de vocês, e eu quero participar. E tem mais. Minha mãe hoje, é a luta pela democracia!
Bah!!! Fizemos uma festa pro gaudério!!! 
Passadas  umas horinhas de fervoroso debate ateu/socialista/revolucionário/democrático, o gaudério levanta-se e pede a palavra.
- Olha gurizada... ( e sorveu um longo trago de seu mate) Eu até gostei do assunto de vocês e podem contar comigo se houver peleia. Até vou ler estes livros que me deram. E até me convenci de tudo que vocês falaram. Mas já vou avisando: SE ME PROIBIREM DE IR NA MISSA DA IGREJA SÃO JORGE COMO EU FAÇO TODOS OS DOMINGOS... EU JURO... ASSINO FICHA NA ARENA!!!!!   
Tá André, me pergunta o leitor amigo: Onde está a falta de coerência humana nisso???
Eu respondo meio zonzo por ser um retardado iludido:
Sabem o metalúrgico de São Paulo que o gaudério falou que lhe espelhou na luta pela democracia no final da década de 70?????
É o mesmo que nesta semana, no alto de seu cargo de Presidente da República do Brasil, se disse amigo, irmão e companheiro do sanguinário Ahmadinejad, o terrível tirano ditador do Irã.  
Fraterno abraço
André