À poucos dias atrás, fiz contato com um velho conhecido cujo último encontro se deu nos corredores da universidade, e nosso assunto (acho que ele nem lembra) correu em torno dos mitos e lendas do Rio grande do Sul.
Meu objetivo, era solicitar que o brilhante músico e não menos brilhante advogado, me autorizasse publicar aqui no blog, um poema que eu julgava ser seu, e que publico abaixo.
Na resposta, o João de Almeida Neto, me autorizou com a ressalva de que eu publicasse o nome do autor, que não era ele e sim o poeta Afif Jorge Simões Filho.
Segue o poema abaixo, neste 21 de Abril que na verdade, pelas circunstâncias atuais, deveria ser lembrado por sermos o país de milhares e milhares de Joaquins Silvérios dos Reis...
O Meu País
Intérprete : João de Almeida Neto
Composição: Orlando Tejo/Gilvan Chaves/Livardo Alves
Um país que crianças elimina;
E não ouve o clamor dos esquecidos;
Onde nunca os humildes são ouvidos;
E uma elite sem Deus é que domina;
Que permite um estupro em cada esquina;
E a certeza da dúvida infeliz;
Onde quem tem razão passa a servis;
E maltratam o negro e a mulher;
Pode ser o país de quem quiser;
Mas não é, com certeza, o meu país.
Um país onde as leis são descartáveis;
Por ausência de códigos corretos;
Com noventa milhões de analfabetos;
E multidão maior de miseráveis;
Um país onde os homens confiáveis não têm voz,
Não têm vez,
Nem diretriz;
Mas corruptos têm voz,
Têm vez,
Têm bis,
E o respaldo de um estímulo incomum;
Pode ser o país de qualquer um;
Mas não é, com certeza, o meu país.
Um país que os seus índios discrimina;
E a Ciência e a Arte não respeita;
Um país que ainda morre de maleita, por atraso geral da Medicina;
Um país onde a Escola não ensina;
E o Hospital não dispõe de Raios X;
Onde o povo da vila só é feliz;
Quando tem água de chuva e luz de sol;
Pode ser o país do futebol;
Mas não é, com certeza, o meu país!
Um país que é doente;
Não se cura;
Quer ficar sempre no terceiro mundo;
Que do poço fatal chegou ao fundo;
Sem saber emergir da noite escura;
Um país que perdeu a compostura;
Atendendo a políticos sutis;
Que dividem o Brasil em mil brasis;
Para melhor assaltar, de ponta a ponta;
Pode ser um país de faz de conta;
Mas não é, com certeza, o meu país!
Um país que perdeu a identidade;
Sepultou o idioma Português;
Aprendeu a falar pornô e Inglês;
Aderindo à global vulgaridade;
Um país que não tem capacidade;
De saber o que pensa e o que diz;
E não sabe curar a cicatriz;
Desse povo tão bom que vive mal;
Pode ser o país do carnaval;
Mas não é, com certeza, o meu país!
Fraterno Abraço
André
"O Meu País"
ResponderExcluirfoi gravado pela primeira vez em 1994,
por Flávio José no LP "Nordestino Lutador".
Era uma crítica ao momento neoliberal que atravessava o país.
O autor da lé Letra : Orlando Tejo . A gravação de João de almeida neto é declamada,(2010) com fundo musical de guitarras e ritmo de milonga.
Encontramos em Disco Compacto/CD “Castelhano e Brasileiro” e “Vozes Rurais”.
Mario Rossini