Eis que eu, que aqui já me referi às redes sociais com os adjetivos de "Grande Meretriz", " Grande Cafetina" e "Grande Açougue Virtual", devo morder a minha língua (dizem alguns que bifurcada) pois uma rede social nestes últimos dias me prestou um inestimável serviço. Meus amigos leitores entenderam, pois vou contar um pouco de minha história.
Devo ressaltar que não vou citar nomes como de praxe, e também não vou citar o nome de qualquer cidade pois a DITA anda DURA mesmo em tempos de liberdades totais(??).Lembro aos amigos leitores, que da última vez que citei o nome de uma cidade aqui, foi desejado por alguém, que um trem passasse por cima de meu odioso corpo, e que depois de rejuntados meus pedaços, o legista ainda comesse meu sacro santo rabo...então... o seguro morreu de velho né???
Mas vamos a história.
Eram meus anos dourados naquelas "lindas terras onde o louro imigrante andou". Eu era um dos meninos entre 8 e 13 anos (se bem me lembro) que formavam um grupo de pequenos cantores que compunham o Coral do tradicional educandário da cidade.
Quem viveu sabe do que falo, pois esse coral foi um estrondoso sucesso no Brasil inteiro e partes da América Latina. Ainda lembro de meu pai e minha mãe emocionados vendo minha cara em tela cheia na TV numa manhã de domingo na parte mais meridional do Brasil.
Eramos diferenciados no colégio. Vivíamos sob cuidados e sob proteção extrema até. Éramos um grupo de talvez 20 meninos entre um universo de 400 ou 500 sei lá. Usávamos um gorro vermelho que nos identificava e nos protegia do Sol. E nada de sorvetes, chicletes ou chocolates pois estes danificavam a voz dos canoros pássaros como nos chamavam.
E tinha o Maestro. Italiano bonito e culto, que trazia a sensibilidade musical aflorada na própria pele. Nosso Regente, poucos meses depois de eu ter sido integrado ao grupo, abdicou do santo ofício que tinha em nome e por conta do mais santo dos votos... o voto do amor! Lembro que cantei no casamento. Lembro que vibrei com o casamento do Paizão! Lembro como adorávamos aquele sujeito que até palavrão dizia quando algo não dava certo. Lembro que a simples menção do nome dele nos tornava seguros. Era o Paizão mesmo!
Nos primeiros 3 anos, viajamos por quase todo o Brasil fazendo shows onde eramos recebidos como celebridades.
E tinha meu amigo e colega que hoje é mestre e baluarte da arte da percussão. Espirituoso e dono de um carisma do tamanho do Rio Grande, o menino era o foco das atenções. Com esse cara por perto a concorrência era desleal, pois todas as meninas só queriam saber dele.
E por falar em meninas, nos meus dois últimos anos de grupo, elas chegaram. Seriam as bailarinas do coral. Depois que elas chegaram, não demorei (nem ninguém) muito pra perceber que eram a luz e o brilho que faltava.
Não foi de pronto, mas considerando época e costumes, logo começamos a interagir com as meninas (atenção patrulha ideológica, não estou falando de sacanagem não).
Do grupo de 10 meninas( não tenho certeza do número), fiquei mais próximo da metade delas...
Acho que a minha primeira amiga foi aquela que hoje labora com o marido em prol dos cuidados de nossos maiores afetos substitutos. Alguns anos atrás, lendo um livro do Antônio Carlos Resende lembrei dela pois como na obra, ela era Magra, mas não muito, as pernas sólidas e não era morena. Era Lourinha. A irmã mais nova da menina, acho que foi a criança mais linda que vi na minha vida.
Minha amiga e a irmã lindas, nos recebia nas tarde de sábado na sua casa ali perto da sede do clube do nobre esporte branco.
E foi num dia desses que me aproximei do primeiro amor. Ela era linda. Usava óculos que lhe deixavam com um ar de intelectual prematuro. O primeiro beijo de minha vida, foi numa cidade distante, abaixo de chuva, e o beijo de criança tinha o gosto delicioso de cachorro quente com mostarda e maionese. Adorava Maionese!
Acho melhor parar, antes que meu pragmatismo habitual caia por terra e eu inunde meu teclado preto com salgados pingos produzidos pela memória de um tempo em que me senti príncipe.
Agradeço a rede social que fez com estas pessoas e muitas outras daquele tempo se reaproximassem recentemente de mim. estão todos bem, vivos e felizes e só eu acho que me distanciei.
Foram os melhores momentos meus.
Peço perdão aos leitores habituais que pouco entenderão disso tudo.
Esta foi pra vocês meus eternos amigos. Estarei sempre com vocês. Vocês, estão em mim. No meu coração, tem gravado um S de saudade, e vocês estão nela.
Fraterno abraço
André
Nossa, lindo isso, emocionou-me, estou te encontrando agora e sinto que esse é vc, desnudo, muito interessante a humildade e a sensibilidade aqui expressas.
ResponderExcluirTaís Elena