segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Satisfação da necessidade e objeto da pulsão!

No início da vida, diante de uma situação biológica de tensão e desprazer ( por exemplo, a fome) , aparece no mundo o objeto que a satisfaz.  A criança, antes de que este objeto existisse, está em uma situação de necessidade que exige ser satisfeita, e esta se produz em um registro basicamente orgânico.
O Mundo externo propõe-lhe um objeto que ele antes não buscava. Este objeto, junto com a sensação de satisfação, transformar-se-á em uma marca mnêmica, constituída pela experiência da necessidade, ligada à representação do objeto que satisfaz. A marca mnêmica, com seus dois componentes, passará a fazer parte do cenário do repertório pulsional do bebê.
Quando o estado de tensão reaparece, reativa-se esta representação. Reinveste-se a imagem do objeto que satisfaz. Em um primeiro momento, a criança confundirá o objeto real com o objeto representado. Assim se produz a satisfação alucinatória da pulsão. A partir de sucessivas experiências,  a imagem  representada será distinguível da real, orientando as buscas de objetos para um objeto real que permita satisfazer a necessidade. Tudo o que se fala sobre a experiência de satisfação foi proposto por Freud, e Lacan o acompanha ponto por ponto.
A relação do desejo com o processo pulsional é peculiar. O desejo é a busca de satisfação da pulsão, através do reinvestimento do objeto primário, o que equivale a dizer que o desejo só encontra satisfação de forma alucinatória.
Portanto, não se pode falar de satisfação do desejo, na realidade. A pulsão pode, em oposição, encontrar ou não sua satisfação. Isto é possível graças, precisamente, ao desejo, que mobiliza a pulsão para o objeto pulsional. Mas o desejo, como tal, não tem objeto na realidade.

Fraterno abraço
André 

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