Era domingo. Domingo de páscoa. E ele era ateu.
Acordou cedo e como de costume leu os jornais.
E viu como foi fácil um pai e sua amada acabarem com a vida de um filho não amado.
E viu que os passarinhos parece que ficam mais alegres nessa época de outono.
E viu que pelas manhãs, nem todos os gatos são pardos, pois aos seus pés, rondava um gatinho de rua... e preto. E o gatinho era um filhote... E o gatinho estava naturalmente carente.... E o gatinho ainda não tinha aprendido a ser ladrão... e o gatinho só queria ser visto... e o gatinho só queria atenção tal qual o menino morto...
E veio um cristão... e expulsou o gatinho carente... e chamou o gatinho de ladrão... e o gatinho fugiu...
E fugindo, o gatinho falou (que naquele domingo de páscoa os gatinhos podiam falar):
- Da próxima vez vou optar por pedir carinho pro ateu... eu acho que ele me entenderia...
E veio a moça...
E a moça disse:
- Preciso de ti...
E sumiu!
E ele ascendeu a fogueira de suas fainas dominicais...
E a gordura da carne pingava na brasa fazendo aquele ruído de festa...
E todos comeram...
E todos estavam felizes...
O ateu, o cristão,os passarinhos, os assassinos e a moça...
Não estava feliz o menino morto... nem o gatinho escorraçado...
E pensar que a páscoa originou-se da lembrança das épocas em que os oprimidos atravessaram o deserto fugindo do opressor...
E os chocolates derretiam na mesa da sala de estar...
Então... bom domingo ... e feliz páscoa!
Fraterno Abraço
André
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