Não tenho certeza, mas acho que era um sábado chuvoso de temperatura amena apesar do calor infernal daqueles últimos dias.
Ele pagou suas compras e enquanto reconduzia o cartão de crédito ao lugar de origem na carteira de couro, dirige-se à moça do caixa no Super Mercado:
- Obrigado Querida!
Ele só então notou que amoça era muito branca e de olhos claros. Mas notou também que a moça branca estava ficando vermelha e seus olhos começaram a faiscar e faiscando lhe fuzilavam. E a moça vermelha e beligerante o trucidou:
- Quem tu tá pensando que és vagabundo??? Achas que eu estou aqui brincando? Tá me confundindo com as tuas negas (sic) ??? Vai chamar de querida a tua mãe que aliás deve estar trabalhando na zona!!!! Chinelão!!!!
Ele paralisou segurando uma sacola de Super Mercado...
O queixo caído e a boca aberta fez com que a cara do incauto parecesse um pastel de fim de feira...
Nem notou que todos os clientes do mercado estavam também de queixo caído e boca aberta empastelados com a reação da moça branca/vermelha e beligerante.
Tentou lembrar em algum ato falho que deva ter proferido. Nada...
Tentou lembrar se deixou escapar um palavrão na hora de pagar a conta. Nada...
Olhou para os pés. Quem sabe pisou no pé da moça sem notar! Nada...
Olhou para o zíper das próprias calças. Quem sabe está desgraçadamente aberto. Não estava...
Resolveu se manifestar:
- Mas moça...
Ela interrompeu com munição de calibre maior:
- E não tem nada de mas moça. Vai chamar de querida a puta que te pariu! E vai andando que tem gente na fila.
Ele não deu ouvidos às manifestações dos demais clientes e nem do gerente do Super Mercado. Saiu catatônico empurrando um carrinho cheio de sacolas e com cérebro frito.
E o gerente falava:
- O senhor nos desculpe... tomaremos providências... ela deve ter surtado... e blá...blá... blá...
Ele não ouviu.
Como um autômato arrumou as sacolas na mala do carro. E entrou no carro. E manobrou. E foi até em casa. Então paralisou dentro do carro já dentro da garagem. E começou a pensar falando sozinho e olhando no espelho do carro para si mesmo:
- Mas eu chamei ela de querida mecanicamente.... como faço com todo mundo... porque ela se ofendeu tanto? Eu devo ter feito ou dito alguma coisa muito ofensiva... não acredito que ela se ofendeu por causa do querida... Ou quem sabe a moça branca foi estuprada e o estuprador ao invés de violentá-la chamando-a de vagabunda, cadela, etc, a maculava chamando-a de querida?!?! Ou quem sabe ela ouviu por acaso o próprio marido chamando a vizinha gostosa de querida numa cena sensual?! Pior... Quem sabe o marido morreu vendo ela mesma em cena sensual com o vizinho sarado que à chamava de querida?!?!?
A paralisia começou a ceder e ele começou a reagir...
Enquanto carregava as compras do idílio ainda teve espírito e pensou:
- Felizmente não tenho o hábito de muitos que dizem: "Obrigado Fofinha!"
Fraterno abraço
André
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