domingo, 19 de janeiro de 2025

O Complexo de Édipo que eu penso!

 Meus Prezados!

Tive o prazer inenarrável de participar na semana passada de uma festa onde se reuniram os coleguinhas da minha filha.

Tudo ótimo e de cara, agradeço ao meu amigo Dr Alex e esposa, pais da Melissa aniversariante ,pelo convite e pelo encantamento da acolhida e da festa.

Nessa reunião, com os outros pais e mães, falamos especialmente da minha preocupacao com a evolução da Inteligência Artificial. Essa "ferramenta" realmente me impressionou pois diferente de outras formas, ela por exemplo produziu o texto que vou compartilhar a seguir.

Pra fazer o teste, perguntei pra IA, o que André Lacerda,  psicanalista, pensa sobre o complexo de édipo e suas repercussões clínicas. Tudo à seguir foi a IA que produziu. Vou editar algumas coisas porque ela cita: Lacerda, que é um dos "pensadores do Uol" (e eu não sei nada sobre isso) ...menos mal que me inclui no UOL, e poderia ser pior me incluindo como pensador da Jovem Pan, que nos últimos anos se transformou num diário oficial da extrema direita fascista, nojenta e tudo de ruim na minha opinião.

Outro ponto que edito, é que a IA buscou texto meu escrito no início de carreira, defendendo tese, e sendo texto acadêmico era escrito pra iguais (na formação) e mestres da minha área. 

Portanto...quando aparece "fase fálica" onde ocorre os tempos de Édipo ou Trama edípica,  lemos que isso ocorre entre os 3 e os 6 anos de idade.

Outra coisa, sobre as psicopatologias que podem ser consequência de um Édipo não resolvido. Pra psicanálise,  Neuroses , Psicoses e Perversões,  são os três grupos já citados em Freud. Nas neuroses, estão todos os transtornos citados na psiquiatria moderna (TDAH, etc). Nas Psicoses estão aquelas precedidas do sintoma alucinação (esquizofrenia etc). Já as Perversões encerra tudo aquilo que chamamos atualmente de psicopatia e sociopatia. 

Era isso meus amigo...então eis o que a IA disse que EU penso sobre um tema que estudo há mais de 30 anos e tenho dezenas de publicações inclusive nos meus dois livros já falados aqui.

..................

 Complexo de Édipo, no contexto da teoria psicanalítica de Jacques Lacan, é uma releitura e ampliação do conceito originalmente desenvolvido por Sigmund Freud. Lacan integra o Complexo de Édipo ao que ele chama de ordem simbólica, dando destaque ao papel da linguagem, do desejo e da estruturação do sujeito. A seguir, explico os pontos principais dessa abordagem:

1. O Nome-do-Pai e a Função Paterna

Lacan substitui a figura do pai literal pelo conceito de Nome-do-Pai (Nom-du-Père), que não se refere necessariamente ao pai biológico, mas sim à função simbólica que estabelece a lei e a proibição. Essa função:

Introduz o sujeito à ordem simbólica (a dimensão da linguagem e das leis sociais).

Rompe a relação simbiótica entre a mãe e a criança, ao proibir o acesso direto ao desejo materno.

2. Os Três Tempos do Complexo de Édipo

Lacan estrutura o Complexo de Édipo em três momentos:

Primeiro tempo: A criança percebe que a mãe é objeto de desejo, mas esse desejo não se dirige exclusivamente a ela. Aqui, surge a figura do pai como aquele que compete pela atenção da mãe.

Segundo tempo: A criança descobre que o desejo da mãe está submetido a algo maior, o que Lacan chama de falo. O falo não é um órgão físico, mas um significante que representa o que falta à mãe e organiza os desejos no campo simbólico.

Terceiro tempo: A criança internaliza a proibição do incesto, aceita a lei simbólica (a função do Nome-do-Pai) e passa a ocupar seu lugar na estrutura social e no campo do desejo.

3. A Castração Simbólica

A castração em Lacan não é literal, mas simbólica. Ela representa o limite que a linguagem e a lei impõem ao desejo. Aceitar a castração simbólica é fundamental para a entrada na ordem simbólica e para a constituição do sujeito como ser desejante.

4. O Falo como Significante

No Édipo lacaniano, o falo desempenha um papel central. Ele não é um objeto concreto, mas sim um significante do desejo que regula as relações entre os sujeitos na ordem simbólica. A criança percebe que ninguém o possui plenamente, nem o pai, nem a mãe, nem ela mesma, o que organiza o desejo de maneira estrutural.

5. A Formação do Sujeito

A passagem pelo Complexo de Édipo é essencial para a constituição do sujeito. É nesse momento que o sujeito se estrutura em relação ao desejo do Outro (principalmente o desejo da mãe) e aceita a diferença sexual e a separação como parte de sua existência.

Em resumo, Lacan desloca o foco do Édipo freudiano da questão puramente edipiana (a rivalidade com o pai pelo amor da mãe) para uma abordagem mais ampla, que enfatiza o papel da linguagem, da lei e da função simbólica na constituição do sujeito e na estruturação do desejo.

A análise clínica do Complexo de Édipo é uma abordagem central na psicanálise, especialmente no pensamento freudiano, e envolve a investigação de dinâmicas emocionais e inconscientes entre a criança e os pais ou figuras parentais. Este conceito é fundamental para entender o desenvolvimento psicossexual, relações familiares e estruturas de desejo e identidade.

O que é o Complexo de Édipo?

O Complexo de Édipo é a manifestação de desejos inconscientes da criança direcionados ao pai do sexo oposto e sentimentos ambivalentes em relação ao pai do mesmo sexo. No modelo freudiano, ele ocorre principalmente durante a fase fálica do desenvolvimento (entre 3 e 6 anos de idade). Este complexo pode ser dividido em duas dimensões:

Positivo: Desejo pela figura parental do sexo oposto e rivalidade com a do mesmo sexo.

Negativo: Identificação com o pai do sexo oposto e hostilidade em relação à figura do mesmo sexo.

Expressões clínicas do Complexo de Édipo

Clinicamente, o Complexo de Édipo pode ser observado por meio de:

1. Ansiedades ou conflitos em relações interpessoais: Dificuldades em estabelecer laços afetivos ou padrões de atração e rejeição podem refletir conflitos edipianos não resolvidos.

2. Repressão ou deslocamento: Desejos e impulsos edipianos podem ser reprimidos, surgindo de maneira indireta, como sintomas neuróticos, fobias ou comportamentos obsessivos.

3. Relações parentais disfuncionais: Interações excessivamente possessivas ou conflitantes com os pais podem indicar resquícios não resolvidos do complexo.

4. Transferência em análise: Durante a psicanálise, o paciente pode projetar no analista figuras parentais, revivendo os conflitos edipianos. Esta transferência oferece uma oportunidade terapêutica para compreender e trabalhar os sentimentos inconscientes.

Diagnóstico clínico

Na prática clínica, a investigação do Complexo de Édipo envolve:

História psicossexual do paciente: Exploração de relações familiares, narrativas infantis e a dinâmica emocional entre pais e filhos.

Sintomas psíquicos ou comportamentais: Ansiedade, culpa, ciúme ou sentimentos de inadequação podem ser reflexos de conflitos edipianos.

Análise dos sonhos: O conteúdo dos sonhos muitas vezes reflete desejos e conflitos inconscientes associados à dinâmica edipiana.

Observação do padrão de relações: Análise das relações do paciente com figuras de autoridade, parceiros românticos e amigos.

Desenvolvimento saudável e resolução

A resolução do Complexo de Édipo é fundamental para o desenvolvimento emocional saudável. Segundo Freud, a resolução ocorre quando a criança:

Aceita a impossibilidade do desejo incestuoso.

Identifica-se com o pai do mesmo sexo, internalizando valores, normas e limites.

Sublima os impulsos sexuais e redireciona as energias para outros interesses.

Se não resolvido adequadamente, o Complexo de Édipo pode resultar em:

Fixações: Permanência em conflitos edipianos não resolvidos, gerando dificuldades emocionais e relacionais.

Regressões: Retorno a estágios anteriores de desenvolvimento em momentos de estresse.

Transtornos psíquicos: Depressão, ansiedade ou transtornos de personalidade.

Aplicações na clínica contemporânea

Embora o conceito de Complexo de Édipo tenha sido questionado e revisado, ele permanece relevante em várias práticas clínicas:

1. Psicoterapia psicanalítica: Investigação dos conflitos infantis e suas repercussões na vida adulta.

2. Terapia familiar: Compreensão de padrões disfuncionais herdados de gerações anteriores.

3. Psicodinâmica do desejo: Análise das escolhas de parceiro e das dinâmicas emocionais em relacionamentos.

O Complexo de Édipo, mesmo reformulado por correntes contemporâneas, continua sendo um instrumento valioso para explorar a constituição do psiquismo humano e os conflitos que permeiam as relações familiares e sociais.

Ainda boquiaberto, e com medo de que realmente estejamos próximos do final dos tempos que conhecemos até então... espero ter ajudado (enquanto ainda o velho psicanalista seja útil)...

Fraterno Abraço 

André Lacerda - Psicanalista





sábado, 28 de setembro de 2024

Do Iluminismo à "moda" do chinelo com meia branca!!

 Eu juro que queria falar das maravilhas experiências que estou tendo acompanhando o desenvolvimento de minha filha numa das mais bem conceituadas escolas de Porto Alegre.

Andando pelo colégio fico imaginando a luta de Marcelino, estando o mundo ainda com a ressaca da idade das trevas e por fim começando a respirar o iluminismo, na maravilhosa Lyon, idealizando a educação que se tornaria global e de sólida importância na vida de milhões e milhões de jovens...a começar pela minha.

E foi no meio desse pensamento que vi...e vi novamente...e vi dezenas...daí...embasbaquei!

Erwing Goffman, prestigiado psicólogo e escritor, escreveu um livro que deveria ser leitura obrigatória para quem ousasse pensar em porque as coisas são como são. Falo de MANICÔMIOS,PRISÕES E CONVENTOS. Ali, o autor fala das instituições totais, e principalmente dos protagonistas desses nichos da vivência humana.

E daí...lembrei de uma coisa que não sei se é verossímil ou se é apenas uma lenda urbana. Provavelmente é verdade, porque já ouvi de pessoas oriundas do sistema prisional.

Eis a coisa:

Quando um indivíduo (pelas vias mais diversas e que nessa crônica não vamos abordar) começa a cumprir pena na prisão,  é sabido que ele é alvo de importunação sexual (estou cuidando pra não mostrar muita violência no que escrevo, mas entendasse como importunação sexual, estupro, curra e toda espécie de violência física).

Pois bem...antes de ser efetivamente estuprado, currado etc, o indivíduo apanha muito...apanha até perder o poder de reagir...e daí....

Até que um dia desiste de querer reagir e pelo menos das surras homéricas ele se livra...

Pra todo mundo saber que não precisa bater mais e que está tudo "certo", o indivíduo adota uma postura de praxe dentro do sistema prisional. Pra mostrar que ele está "aberto" a todo tipo de relacionamento sexual, ele passa a usar as calças bem abaixo da linha da cintura. Mas bem abaixo...aparece a cueca e até partes mais íntimas da anatomia se é que me entendem...

Mas...isso livra o indivíduo apenas do espancamento prévio. Continua no entanto, o estupro, a curra, e todo tipo de agressão sexual...

O sistema se molda. "Mutatis mutandis "...

Então o sistema criou outra convenção. 

Quando o indivíduo cansa da rotina "grupal", basta ele manifestar a vontade de casar. Ou seja...não quer mais ser estuprado, currado, violentado por muitos. Escolhe (como se isso pudesse ser chamado de escolha) ser a "noiva" ou a "esposa" de algum outro indivíduo (que tenha capacidade de protegê-lo) e para demonstrar isso, adota outra característica no vestuário: passa a usar meias brancas com chinelo. Isso significa que:

" estou disponível para ser a "noiva" e posso lhe servir como "esposa".

Reli o que escrevo até agora é confesso que fiquei nauseado...

Mas vamos em frente.

O que tem isso a ver com o Iluminismo, com a belíssima história de Marcelinho Champagna,  com o Erwing Goffman e a coisa lúdica de lembrar meu tempo de aluno andando pela escola da minha filha????

Tem a ver com o que vi...e vi novamente e vi dezenas de vezes...

Dezenas de meninos e meninas, jovens adolescentes (13,14,15,16,17,18 anos calculo eu),"desfilam" pelos corredores da escola a "moda" das calças caídas (não muitos), e das meias brancas sob os chinelos ( muitos...dezenas)...

Esta escola, uma das mais bem conceituadas de Porto Alegre, não é uma Instituição Total, e a orientação pedagógica é progressista, humanista e de primeira grandeza.

Os meninos e meninas não vivem em fétidas masmorras sob o domínio do medo e da obscuridade.

Será que eles e elas e os pais deles e delas sabem da origem desses "modismos"?????

Ou sera que Umberto Ecco estava certo quando falou que a evolução da tecnologia da comunicação (Internet e as redes sociais) além do acesso fácil à todo o saber humano, também traria a brutal epidemia de imbecis e ignorantes????

Sei lá...

Valei-me São Marcelino.

Valei-me todos os priores do santo iluminismo.

Fraterno abraço. 

André Lacerda- Psicanalista



quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Alma Tranquila e Coração Sereno!!

 Não sei como começar. E normalmente não gosto de começar com a palavra não. Mas desta vez ela se superou...
Por obvio que a delicadeza e a sensibilidade da professora Andréia e a cada vez mais maravilhosa experiência no Studio Andréia Andanças, me fez lavar a alma e me serenou o coração. 
Era a aula com a participação do pai...
Pai da bailarina...
No caminho pro Studio ela me advertiu:
- Papai...tu vai dançar comigo hoje, mas a bailarina sou eu viu???
- Tá bem minha filha. Espero estar digno de ser teu par...
-  Ah pai.. eu também te amo...mas a bailarina sou eu!!!
Fiquei pensando que talvez ela lá no seu cristalino e puro consciente, tenha sentido alguma espécie de invasão por expor o pai...ou quem sabe até possa ter sentido algum ciúme, pois todo mundo sabe que o pai é só dela...
Não sei...
Fui...
E fomos tão felizes que nem sei o que falar...
Tentei fazer tudo que a professora mandava, e sim, fazer jus à toda leveza e alegria da minha filhinha...
Ela não sabia se olhava pra professora, ou pro espelho, ou pra mim...mas estava radiante. 
A cada passo que eu dava ela me devolvia um sorriso e me deixava vermelho de vergonha...
Ao fim... o Studio ficou em "la media luz",e ela me fez relaxar com sua mãozinha delicada acariciando minha cabeça.
Experiência maravilhosa e ficará pra sempre na minha alma, que sim, pela minha filha, está cada vez mais tranquila e esta deixa meu coração já tão abalado, cada vez mais sereno.

Fraterno abraço!
André Lacerda  -  Psicanalista 


sábado, 10 de agosto de 2024

Reinundei a Zona Sul!!

 Ela me alertou a semana toda:
- Papai...você vai chorar muito de amor...
Eu certamente já estava certo que realmente ia chorar...sempre choro de amor quando minha filha apresenta alguma coisa nova.
Mas essa...!!! 
Quando a turminha começou a cantar, e eu só via ela, reinundei a minha amada zona sul que ainda não se recuperou por completo da tragédia das águas...
Espero que o sal dos meus olhos tenham feito o enxugamento das águas do velho Guaiba...

"Eu não existo longe de você 
E a solidão é meu pior castigo..."

E eu só via ela. As mãozinhas pequenas fazendo coraçãozinho pra mim...
Eu só ouvia a voz dela...

"Eu conto as horas pra poder de ver
Mas o relógio tá de mal comigo..."

Era a festa da família na Escola. Estando desatualizado sobre os novos conceitos pedagógicos e sociais do desenvolvimento acadêmico, amei a FESTA DA FAMÍLIA,  e não a Festa dos Pais. Achei inclusiva, abrangente e tudo de bom enfim.
Mas pra ELA...era a festa do pai...rs

"Futebol sem bola
Piu-piu sem Frajola
Sou eu assim sem você..."

Ela me olhava e quando meu olho batia no dela eu quase nem enxergava porque o meu choro de amor me obliterava a visão...
Que dia! Que manhã de sábado gelado em Porto Alegre!!!
Eu acho que chamei atenção das pessoas porque realmente chorei...de soluçar...
Que dia!!! Que vida a minha!!!

Meu abraço especial nesse dia aos Pais.
Todos os pais. 
Parabéns Colégio Marista Ipanema de Porto Alegre. Obrigado professores e todos envolvidos.

Fraterno Abraço 
André Lacerda  - Psicanalista




quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Das Olimpíadas à venezuela.

 Uma pausa nas crônicas. Uma pausa curta, mas foi feita.
Aconteceram muitas coisas...
E daí começo a pensar:
Eu lembro que deveria de ter 11 ou 12 anos e era um guri tutelado pelo ensino Marista, e estávamos em viagem pela América do Sul. Credo...parece que foi ontem...
Lembro que ao entrarmos no Uruguai (em plena ditadura tenebrosa e cruel diga-se de passagem) já de cara, nossa comitiva passou a ser acompanhada por um militar uruguaio, e lembro principalmente que o Irmão Marista Ewaldo Neis que morreu em 2016, falou pro nosso professor regente ( que omito o nome por estar bem vivo e inclusive me segue nas redes sociais), que ali também tinha milicos ...o ano era 1975/76.
Muitos anos depois, eu já adulto quase velho, o irmão Ewaldo que já em idade avançada, no colégio Champagna me revelou que naqueles idos de 75/76, já era adepto (certamente anônimo) da teoria da libertação.
Já eu, hoje sei que foi ali naqueles idos de 75/76 que me tornei adepto da esquerda socialista.
Me explico:
Me tornei realmente um ser de esquerda, quando comecei a estudar a Revolução francesa. E foi por pouco...porque como sabemos (????)  esquerda e direita nasceram da posição em que girondinos e jacobinos ocupavam na mesa que estava definindo a Constituição pós revolução. À direita, estavam os girondinos, membros da alta burguesia e que eram moderados e liberais à ponto de fazerem a revolução contra o absolutismo de Luis XVI. À esquerda, os jacobinos que liderados por Robispierre (entre outros) eram a baixa burguesia (que eram aqueles que não eram senhores de terra nem nobres mas, professores, médicos, advogados, camponeses, trabalhadores enfim), que era extremista e não admitia negociações com pensamentos liberais.
Quase que me tornei adepto da direita. Não gosto de extremismos. Mas.. não abro mão da IGUALDADE. E a direita girondina não admitia na constituinte parte da população francesa. Aquela parte que nunca teve voz nem vez. A esquerda jacobina não admitia por sua vez, que ninguém fosse excluído. Muito menos aqueles que a direita não não queria que fizesse parte das decisões.
Por isso...me tornei um ser se esquerda. Porque não existe liberdade sem igualdade. Não existe fraternidade sem igualdade. Não existe democracia sem igualdade. Não existe justiça social sem igualdade. Ponto. 
Por falar nisso,  a abertura da Olimpíada de Paris foi um tapa na cara do conservadorismo fascista, misógino, racista, homofóbico e etc.
Tapa não, porque aqueles que "acreditam nas flores vencendo o canhão " não dão tapa na cara de ninguém. 
E por falar nisso, minha filha participou de uma gincana na Escola, onde todos foram medalhas. A gincana arrecadou itens que foram destinados às vítimas da enchente que assolou o Rio Grande do Sul.
E por falar nisso, a CIÊNCIA,  alertou as autoridades sobre os eventos em 2021...
E por falar nisso, aplausos a sociedade civil que voluntariamente ajudou muito...mas.. já pensou se não fosse o Estado Público e Democrático, agora que os voluntários retomaram suas atividades pessoais???? Pensem nosso senhores e senhoras defensores do Estado mínimo...
E por falar nisso...Nicolas Maduro, é tão fascista quanto o fascista que está inelegível...só que parece que o Maduro está tendo mais sucesso na sua obsessão opressora. Pensem nisso senhoras e senhores da extrema esquerda esquizofrênica...
E por falar nisso...Robispierre perdeu a cabeça na guilhotina exatamente por ter se tornando um extremista esquizofrênico....

Fraterno abraço 
André Lacerda  - Psicanalista 




segunda-feira, 1 de julho de 2024

Viva São João...e todos os santos...porque nao vamos viver!

 Estava tentando não tocar no assunto. Não agora. Todo mundo está falando. Eu não queria falar nisso...mas.....

Estamos em 1 de julho...pelo que vejo, não tem mais aquela mobilização emocional do momento (e não estou sendo mal agradecido porque aquilo tudo ajudou muito), e Porto Alegre e grande parte do Rio Grande do Sul, ainda vive numa situação absurdamente cruel. Muito cruel.

O cenário talvez seja comparado à praças de guerra, e tem muito lixo, lama, lama, lama, e lixo...

Mas o lixo que tem era a vida das pessoas até 40 dias atrás... não é lixo que era lixo. É lixo do que era conquista...as conquistas viraram lixo.

Certamente vamos voltar a viver...

Eu ainda não sei como...mas vamos voltar a viver...por enquanto só tá doendo. Mas vamos voltar a viver. 

E a coisa foi democrática.  Absurdamente democrática.  Atingiu todo mundo. Não teve rico nem pobre.. todo mundo foi atingido...

Muito cruel...

Mas vamos voltar à viver... não sei como, mas vamos voltar a viver... 

E por aí vamos...teve festa junina e me esbaldei junto com Isabelle na festa da escola...

Foi tudo muito legal... e desse legal, me chamou atenção nosso novo normal: pra tudo hoje, temos que pensar que vamos voltar a viver, então antes de entrarmos todos na escola pra festa, depositamos litros de leite pra entregar pra quem está sem leite.

E a forró toca e eu danço com minha filha:

" não é hora pra chorar ..porém não é pecado se eu falar de amor...."

Nós vamos voltar a viver...


Fraterno abraço 

André Lacerda - Psicanalista




domingo, 16 de junho de 2024

Era Pra Ser Apenas Um Texto Lúdico...

 Era pra ser uma crônica colorida e cheia das alegrias que minha filha me proporciona todo dia, toda hora, a cada segundo, e que certamente mostra QUE O MEU LUGAR É ONDE A MINHA FILHA ESTEJA.

Ela passou pela semana de adaptação, e é uma feliz aluna da Rede Marista de escolas, onde alias, o papai aqui teve o início ( no século passado chamávamos de primeiro e segundo graus) de uma vida acadêmica, social e cultural, e que faz ser agradecido sempre aos meus pais que me proporcionaram.

A Escola Marista, me fez (através de atividades muito além das extra classes) quem eu sou...conheci o Estado...o país é até quase toda a América Latina, sempre esplendorosamente guiado pelos professores e irmãos da congregação. 

Passaram-se milhares de anos, e já com carreira definida e sólida, por essas coisas da vida, reencontrei o meu primeiro Diretor, Irmão José Ewaldo Neys, que por ser informado de minhas atividades da época, me chamou pra palestrar para as mais diversas escolas da Rede. Foi no ano 2000. Eu fui muito feliz com isso.  O Irmão Ewaldo, morreu em 2018, e certamente sempre será um baluarte dos Maristas.

Pensei até em postar uma foto de Isabelle com uniforme da escola e em plena atividade...mas depois me lembrei do Umberto Ecco:

" A Internet deu voz à legiões de imbecis!"

À propósito disso, tudo que publico aqui no blog, compartilho das redes sociais. E são algumas centenas de milhares de seguidores considerando as minhas páginas pessoais e aquelas que sou criador de conteúdos. Então peço o que nunca foi pedido:

Se alguem nao ler o texto até o fim, nao curta.

se gostou apenas pela foto, curta mas deixe comentário dizendo que é somente pela foto.

Me explico:

Essa crônica, provavelmente será parte do projeto pro doutorado que pretendo apresentar ao meu sempre amado Conselho Brasileiro de Psicanálise Clinica, e a estatística vai ajudar. Desde que verdadeira.

A crônica estava pronta..e seria apenas um textinho pra marcar a Isabelle na escola e tal...

Mas...

Ela chega:

"Papai...porque Fulano chamou sicrano de IDIOTA??." "O que é IDIOTA papai?"

Me assustei. Afinal nao uso essa palavra desde a adolescência quando li "Ninguem é uma Ilha" do JM Simmel, que alias penso que todo pai, toda mãe,  e todo mundo enfim deveria de ler...

Expliquei (querendo mudar de assunto) que isso significa aquele que é incapaz de se comunicar com outras pessoas, mas que isso era pra ela esquecer e nunca chamar ninguém de idiota.

Ela fez um muxoxo, e seguiu a vida feliz dela...espero que tenho esquecido ter visto alguem chamar outro alguém de idiota.

Então...pra não perder o costume, evolui no tema...espero que gostem...


“O pior analfabeto 

É o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala

Nem participa dos acontecimentos políticos.

Não sabe que o custo de vida,

O preço do feijão, do peixe,

De farinha, do aluguel, do calçado

E dos medicamentos

Dependem de decisões políticas”.

Esse analfabeto político do poema atribuído ao dramaturgo alemão Bertolt Brecht é, por outras palavras, um idiota, em seu sentido quase original.

A palavra ‘idiota’ vem do grego ἰδιώτης idiṓtēs e originalmente não era um adjetivo desrespeitoso, depreciativo ou um insulto.

Mas como os gregos valorizavam muito a participação cívica, reconhecendo que sem ela a democracia entraria em colapso, era esperado que todos os cidadãos estivessem interessados ​​e familiarizados com os assuntos públicos. Ou seja, eles não deveriam ser idiotas

É nesse contexto que, com o passar do tempo, idiṓtēs começou a adquirir uma conotação negativa, e se transformou um termo de reprovação e desdém.

Viver apenas uma vida privada não era ser plenamente humano.

“Se o comportamento e o discurso de um homem deixavam de ser políticos, ele se tornava idiota: egocêntrico, indiferente às necessidades do próximo, inconsequente em si mesmo”, explica Christopher Berry em seu livro A Ideia de uma Comunidade Democrática.

E esse tipo de idiotice talvez fosse mais grave do que aquela que resultou da metamorfose que teve início e que levaria a palavra a se tornar o que hoje, conforme a definição em português, por exemplo, do dicionário Michaelis:

Adj m+f sm+f

1 Diz-se de ou o que demonstra falta de inteligência, de discernimento ou de bom senso; estúpido, imbecil, tanso, tantã, tolo, zote.

2 Diz-se de ou pessoa que se considera superior aos outros; arrogante, presunçoso.

3 Diz-se de ou o que é tolo ou ingênuo

Depois de se tornar um termo pejorativo para quem se recusava a participar da política, passou a definir alguém como ignorante, grosseiro e sem instrução.

Com essa interpretação, chegou ao latim no século 3°, e daí para outras línguas.

Embora o significado político tenha sobrevivido por algum tempo, à medida que a cultura e as tradições da Grécia antiga ficaram para trás, o novo significado o substituiu. 

Logo, outro fato reforçou ainda mais o significado atual.

No início do século 20, os psicólogos franceses Alfred Binet e Theodore Simon criaram o primeiro teste de inteligência moderno, que calculava o QI com base na capacidade das crianças de realizar tarefas como apontar para o nariz e contar moedas.

Os psicólogos ficaram tão apaixonados pela natureza científica dos testes que criaram sistemas de classificação.

Qualquer pessoa com QI acima de 70 era considerada “normal” e qualquer pessoa acima de 130 era considerada “superdotada”.

Para lidar com pessoas com QI inferior a 70, inventaram uma nomenclatura.

Um adulto com idade mental inferior a 3 anos foi rotulado de “idiota”; entre 3 e 7, para “imbecil”; e entre 7 e 10, “débil mental”.

“Idiota” então se tornou um termo técnico usado em contextos jurídicos e psiquiátricos.

Usar essa palavra, como aconteceu com o latim ‘imbecil’ para descrever graus de deficiência psíquica, fez com que ela também acabasse sendo um insulto que se refere aos dons mentais do insultado.

Em algumas culturas, “idiota”, assim como “imbecil”, caiu em desuso na medicina algumas décadas depois porque foi considerado ofensivo.

Desde o século 19, há pensadores que defendem que a palavra seja usada de forma mais ampla, mas recuperando o seu significado original.

Um deles é Walter C. Parker, professor emérito da Universidade de Washington, para quem essa antiga etimologia pode ser uma ferramenta valiosa para uma compreensão contemporânea da democracia e da cidadania.

“Nesse sentido, podemos voltar a Aristóteles, há 2 mil anos, que costumo citar quando escrevo sobre idiotice. Para ele, idiota é alguém cuja vida privada é sua única preocupação, alguém que não toma iniciativa na política.”

“São pessoas imaturas, com desenvolvimento truncado, que podem ter vida social, mas não vida pública.”

“Portanto, existe uma vida privada, uma vida social e uma vida pública, e para ser um indivíduo com objetivos e prosperar você precisa de todos os três.”

Tudo começa na escola, opina Parker.

“No ensino, devemos promover o debate de questões públicas polêmicas com outras pessoas, cujas opiniões sejam semelhantes ou não. Isso não importa.”

“Se você gosta ou não da opinião de alguém é importante na vida social, mas não na vida pública, onde temos que nos conectar, nos relacionar, conversar e ouvir outras pessoas, independentemente de elas concordarem com você.”

“Há sempre o perigo de o idiota levar a sua idiotice para a esfera pública, para usar os termos que usamos no contexto de que estamos a falar”, explica Parker.

Mas algo também “terrível”, lamenta o acadêmico, é a indiferença.

Está documentado que as novas (e não tão novas) gerações não estão interessadas nos acontecimentos atuais.

Apesar de viverem num mundo onde mais do que nunca as pessoas têm meios de acesso à informação, elas optam por não prestar atenção. Elas simplesmente não se importam.

“Na verdade, estamos recebendo cada vez mais pesquisas que mostram que os jovens têm uma vida privada e social ativa, mas não uma vida pública.”

“E esse é um terreno fértil muito perigoso para a demagogia”, explica.

Agora: a exaltação da vida pública não ocorre em detrimento das outras duas esferas, esclarece Parker.

“O objetivo de reivindicar o termo idiotice não é de forma alguma negar ou descartar a importância da vida privada ou social, que são tão cruciais para o nosso florescimento como seres humanos.”

“É lá que existe a nossa família, os nossos amigos e o nosso trabalho.”

“Mas a personalidade pública é o elo que falta, por assim dizer, para tornar possível vivermos juntos em sociedade com as nossas diferenças intactas.”

É nessa vida pública, salienta, que aprendemos a lidar com estranhos com ideologias diferentes em culturas diferentes.

“O objetivo é desenvolver um modus vivendi, do latim, um modo de vida que nos permita prosperar juntos sem nos matarmos.”

“Temos que cultivar o eu público e, para isso, não podemos ser idiotas”.

 Fraterno abraço à todos

André Lacerda - Psicanalista