Eu nunca tive medo do escuro... e sempre tive medo da escuridão da cegueira. E não da cegueira dos olhos, mas da cegueira da alma que além dos olhos, escurece todos os sentidos...
Eu nunca tive medo do bicho papão... e sempre tive medo de ser devorado pelos demônios que eu mesmo criei... e os que os outros criaram também...
Eu nunca tive do câncer... e sempre tive medo do preconceito que corrói os princípios da humanidade, da fraternidade e da igualdade....
Eu nuca tive medo dos homens.... e sempre (e cada vez mais) tive medo do produto nefasto produzido pelos equivocados instintos humanos...
Eu nunca tive medo da traição... e sempre tive medo de que minhas fraquezas e desatinos, ou mesmo minha incompetência de expressão, me dessa a pecha de traidor....
Eu nunca tive medo de fracassar... e sempre tive medo de que a covardia me transformasse num repolho que depois de colhido, apodrece na prateleira sem ser aproveitado...
Eu nunca tive medo de ir pro inverno... e sempre tive medo de que eu, por minhas ações, me transformasse no inverno de alguém...
Eu nunca tive medo da mentira... e sempre tive medo que a verdade que eu diga seja tão desprezível a ponto de ser preterida pela inverdade de alguém...
Eu nunca tive medo do ódio... e sempre tive medo de que meu amor pudesse ser odiado e se transformasse em grilhões diabólicos...
Eu nunca tive medo da dor... e sempre tive medo de que minha dor me incapacitasse os sentidos e me transformasse num lírio que depois de colhido, enfeita túmulos por mais um ou dois dias...
Eu nunca tive medo da morte... e sempre (e cada vez mais) tenho medo de que depois de morto, o fato que mais signifique na minha vida, seja o fato de deu ter morrido e que morto, eu me transforme em vil matéria inerte, que por inerte, nada signifique...
Então... valei-me São Oswaldo Montenegro: "Que a força do medo que eu tenho não me impeça de ver o que anseio..."
Fraterno Abraço
André
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