Reabilitados coração e psiquê, retomo com a série onde retrato a figura do psicanalista na vida e no tratamento de pacientes acometidos pelo câncer.
E de imediato pego pelo nome : CÂNCER!!!!!
Sim. Essa doença tem nome. E o nome é Câncer. Não é aquilo; não é o mal; não é o indizível; É simplesmente o câncer, uma doença que pode ser tratada e na grande maioria dos casos pode haver sim a cura.
E foi assim que o psicanalista no final daquele primeiro mês de tratamento quimioterápico, iniciou a conversa com sua paciente oncológica.
Foi um mês terrível, e as reações adversas do remédio estavam sendo mais terríveis do que se poderia imaginar.
As dores eram intensas. As tonturas e enjoos eram terríveis. A fraqueza por falta de alimentação era arrasadora e já tinham se ido quase dez kilos naquele primeiro mês. E o pior: A depressão veio avassaladoramente.
O remédio inibira a produção de dopamina, endorfina e serotonina. E isso gerou a chamada depressão física, que na verdade tem a mesma gravidade da depressão psicológica, com a diferença de que ao final do tratamento a depressão física também chegaria ao fim.
O psicanalista ouvir todas essas demandas naquilo primeiro dia do segundo mês de tratamento. Sua paciente estava com todos os sinais de um estado depressivo recorrente, e naquele momento, ele pensou que o melhor lugar para ocupar seria o de consolador.
E assim falou:
- Amada paciente. Acho que tudo é uma questão de pobreza e de riqueza. Não de valores na conta do banco, mas de espírito.
Queres ver?
Imagina um espírito pobre falando de sua pouca ração. Certamente ele vai dizer:
" Meu café da manhã hoje só tinha pão com ovo!"
A mesma ração sendo dita por um espírito rico:
" Meu desjejum de hoje foi esplêndido. Consistiu num ovo estrelado com a gema molezinha e as bordas levemente crocantes, acompanhado de um ainda quentinho pedaço de pão francês. E eu peguei o garfo e furei a gema com cuidado e um pedaço de pequeno de pão molhou-se naquele fio de ouro amarelo. Foi maravilhoso meu início de dia!"
Vi agora mesmo que quando a enfermeira chegou com o remédio tu te referiu a ele como sendo tua dose diária de veneno e que aquilo estava te matando.
E vi o quanto erraste!
Deverias de ter pensado que somente para chegar até teu leito, aquele remédio passou por pelo menos quatro profissionais de saúde de formação superior (médico, farmacêutico, duas enfermeiras), por mais uma grande equipe de técnicos e auxiliares, e mais uma estrutura hospitalar de primeiro mundo. Deverias ter pensado que esse tratamento tem um custo médio de cem mil dólares e teu plano de saúde está cobrindo tudo.
Deverias ter pensado que cada gota desse remédio significa um passo distante do câncer e por isso ele não é veneno e sim o teu bálsamo da vida.
Alma tranquila e coração sereno!
Amanha estarei aqui contigo para a próxima sessão e certamente teu espírito terá assimilado minha fala. E tu já vais sair daqui hoje sentindo não o gosto do veneno. Mas a grandeza de teu espírito.
Fraterno abraço
Nenhum comentário:
Postar um comentário