sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Minhas Dependências!

Descobri que sou dependente. Dependente de um monte de coisas. E dependente de muitas coisas que na verdade não são dependentes na sua essência.
Sou dependente do meu carro.
Vejam bem... sou dependente do meu carro. Não estou falando que por ser um homem do século XXI necessito de um veículo para os diversos deslocamentos que se faz hoje em dia numa metrópole atual.
Sou dependente do meu carro. Do cheiro do meu carro. Do sistema automático de marchas e dos dois faróis extras que o meu carro tem. Mas sou dependente fundamentalmente do MEU carro. Deprimo quando ele está na revisão ou parado para reparos.
Sou dependente da minha poltrona.
Ela é desconfortável pra todo mundo que senta nela. Ela é até feia e está longe de estar dentro dos padrões modernos e exigíveis pela moderna arte decorativa de ambientes.
Mas sou dependente da minha poltrona. Nem o melhor dos filmes da TV será bom se não for na minha poltrona.
Sou dependente do meu telefone celular. E meu celular nem é daqueles que todos desejam. Mas se não for no meu celular, acho que nem telefonar eu sei.
Sou dependente da minha internet. Não da conexão. Estou falando da minha conexão. Aquele que só eu tenho a senha e que na verdade deixei liberada pra todo mundo do prédio usufruir.
Um dia sem a minha internet pode significar graves crises existenciais e talvez até produza dores de abstinência.
Sou dependente da minha casa. Quando passo tempo demais longe de minha casa acho que entro na mais terrível das melancolias. Nem o mais caro palacete de Mônaco chega aos pés da minha casa. Nenhuma suíte do Aldorf Astoria me aconchega como minha casa. A mais bela mansão na mais bela praia da Grécia onde ninfas se banham nuas nos quintais não seria nada se comparada a minha casa.
Sou dependente das minhas pessoas.
Não de todas as pessoas, porque nem conheço todas as pessoas. Mas das minhas pessoas.
Dependo do amor e do carinho que recebo de minhas pessoas. Até posso gostar do amor e do carinho que eventualmente  possa receber de outras pessoas. Mas só sou feliz com tudo aquilo que minhas pessoas me dão.
Mas ....
Um dia o carro foi corroído pela ferrugem, porque metais tendem a ser consumidos pela ferrugem.
No outro dia a poltrona quebrou e não teve prego nem parafuso que a mantivesse de pé. E seu único destino possível foi o fogo.
No mesmo dia o telefone celular do nada deu pau! Não funcionou mais. Quebrou, fundiu, deletou, apagou. Porque é isso que acontece com telefones celulares.
E penso que o mesmo "bug" afetou a internet porque ela também apagou, deletou, sumiu. Porque é isso que acontece com a internet.
E veio um vendaval é em poucos minutos não tinha mais casa.
E as pessoas se foram junto com o vendaval e com a casa. Porque pessoas não são consumidas pela ferrugem e nem se transformam em cinzas depois de quebradas e sem concerto.
Minto.
As minhas pessoas ficaram!
E a vida segue.
Porque na verdade, eu sou dependente apenas das minhas pessoas!
Essa crônica não se refere à mim! Se refere à mim, à tu que estás lendo, aos bilhões que nunca vão ler, aos bilhões que já morreram e aos bilhões que ainda vão nascer.
Fraterno Abraço!
André Lacerda - Psicanalista

   
   

  

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