sexta-feira, 22 de maio de 2009

Bronzeada de Sol com Marquinhas de Biquini!

Aqueles que me conhecem, sabem que uma das atividades clínicas que desenvolvo, refere-se à pacientes terminais, cujas possibilidades de sobreviver são nulas. Tanto que alguns, fogem de mim como se diabo eu fosse por saberem que sou o último especialista que eles verão. Outros me chamam de anjo da morte.
Mas que morte???
Gosto de pensar que ela é uma balzaquiana gostosona, que aparece com seu pretinho básico, com o requinte de um capuz a cobrir-lhe os cabelos lisos e longos.
Morte teu nome é mulher! E que mulher é a morte de minhas fantasias!!!!
Ela chega com poucas palavras, e seu hálito fresco ( gelado???) exala sua predileção por frutas maduras, como pêra ou maçã.
E ela não tem frescura...Já vai despindo-se, e aconchegando-se por cima do seu escolhido.
Ela vem bronzeada de sol com marquinhas de biquini. A primeria carícia é um beijo. Um beijo de língua gelado que aos desavisados assusta. Mas quem a espera, sabe que aquele beijo gelado arrepia por ser o prenúncio do mais intenso gozo jamais tido e que jamais será repetido.
E a danada envolve o escolhido. Depois do primeiro beijo é só entrega e prazer.
Aquele papo de ver uma luz no túnel é balela!
O que se vê são os seios da morte, lindos e apontados pro céu.
As vezes, esse ato demora meses.
E ela não termina enquanto não chega a hora que ela mesma determina.
Alguns dizem que a bandida é ninfomaníaca.
Mas o que todos sabem, é que na hora do gozo, o escolhido, ao sentir o derradeiro orgasmo sofre, por saber que jamais viveu antes de encontrar-se com a morte.
Bom fim de semana e
Fraterno abraço
André

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Quero Continuar Vendo???

Eu sou doador! Minha familia sabe, que antes de ser cremado, meu desejo é que retirem de mim tudo que ainda preste, afinal, como disse um velho poeta gaúcho, " amanhã se vai o corpo, já que a alma do coitado de há muito já estava morta!"
Mas se eu não fosse doador, por certo hoje doaria meus olhos, só pra continuar vendo tudo mesmo depois de morto.
Não acreditei quando vi em rede nacional pela Globo, a ministra politicando com sua peruca nova depois de perder o cabelo em virtude da quimioterapia.
Será que ter câncer e ficar careca dá voto? Será que a exposição pessoal num momento de dor pode ser "faturado" como já preconizou o outro ministro lá na década de 90???
Que me falta ainda ver???
Vejo um país de miseráveis, que rindo com suas bocas desdentadas, aplaudem meia dúzia de retardados(?) com suas calças apertadas e seus chapéus de cowboy e suas vozes tão estridentes quanto freios de carro vencidos, sendo inclusive patrocinados pelas leis de incentivo à CULTURA(???????).
Vejo um país, cujo maior símbolo sexual feminino já foi um travesti e que agora, tem como símbolo sexual masculino um padre cantor que pelo que consta habita os sonhos mais devassos das suas bonitinhas macacas de auditório ( ou macacas de altar??).
Vejo um país cujo mandatário não cansa de pagar "micos" hollywoodianos no "jet set" internacional.
Vejo um país, cujas universitárias não pensam em outra forma de suprir suas crises compulsivas de consumo que não seja oferecerendo-se como putas nos classificados de jornais, onde consta inclusive currículos multilingues (pelo jeito trepam em inglês, francês, etc...).
Ainda bem que sou doador.
Com certeza, vou continuar vendo mesmo depois de morto.
Fraterno abraço
André

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sin Cera!

No auge do império romano, o grande lance eram os prédios e monumentos feitos em mármore. E mármore de melhor qualidade. Ocorre, que os fornecedores do nobre material descobriram um jeito de vender as peças que possuiam algum defeito, iludindo assim os construtores, que aliás eram todos ligados ao poder e apadrinhados de César.
O "jeitinho", consistia em passar uma camada de cêra sobre o mármore dando-lhe uma falsa impressão que material de excelência.
Logicamente que com o passar do tempo, expostas à intempérie e etc, as pedras perdiam a cêra, e então, o mármore mostrava-se de péssima qualidade.
Os romanos, precursores do Direito como conhecemos hoje, trataram de estabelecer uma lei. A nova regra, previa a proibição do enceramento do mármore na sua origem, evidenciando assim a sua real condição e qualidade. A lei, ficou conhecida como " SIN CERA", ou seja do latim, "Sem cera", e aqui temos a origem da palavra SINCERIDADE.
Acho que ainda hoje, e eu diria principalmente hoje, essa etmologia nos interessa.
Na verdade, o ser humano como um todo, não passa de peças de mármore, utilizando-se de cêra para encobrir os defeitos de fábrica ou ainda aqueles adquiridos na lapidação.
E como o mármore romano encerado, somente na intempérie de nossas vidas é que damos a conhecer nossa verdadeira face.
É na chuva e no vento forte que nos avassalam em momentos de nossas vidas, é que não conseguimos nos esconder, pois as máscaras de cêra caem.
O interessante, é que passado o temporal, a tendência é nos recobrir-mos novamente e vender-mos uma imagem encerada, ou não sincera...risos
Alguém ai já viu alguém "sin cera"???
Fraterno abraço
André

sábado, 9 de maio de 2009

Eu Sou do Sul - Final

Pois então???
Aquele elemento que falei anteriormente, o ameríndio natural das plagas gaúchas, será o objeto da segunda parte da série sobre o Rio Grande do Sul.
Cerne de uma raça, soberano das planícies selvagens vivia em plena harmonia com pampa, coxilha e litoral.
Com a chegada dos brancos europeus, incluindo os jesuítas, de rei e senhor de tudo, tornou-se o índio proscrito, egresso da sociedade e subjugado em nome da cruz e da espada estrangeiras sedentas de ouro e poder.
Se esse elemento tivesse seguido meramente o exemplo de outros povos invadidos e subjugados (demais amerídios da América, incluíndo aqueles dos Estados Unidos e Canadá), é bem provável que tivéssemos idéia da existência dele, somente nos museus, em pobres reservas obscuras, ou nas praças da cidade sob a forma de mendigos vendendo cestos.
Mas... aconteceu algo. Um único detalhe diferencial. E é esse detalhe, que ao meu ver formou o gaúcho e originou o gauchismo, que inclusive aqui, já foi classificado de egocentrismo.
Esse detalhe, fundamenta-se no fato de que o índio gaúcho, não se submeteu ao jugo invasor.
O gaúcho, incorporou-se no sistema, tornando-se soldado desde menino. E entre soldados portugueses, espanhóis, etc, o gaúcho enquanto gênero, tornou-se o melhor dos soldados.
Por sorte, o Rio Grande foi um campo de batalha e um quartel e toda a sua extensão, por mais de trezentos anos, e num lugar assim, somente soldados guerreiros poderíam sobreviver.
Mas, como isso se deu, é assunto pra aqueles que querem se aprofundar, e indico que busquem a história, e leiam as guerras do sul (Cisplatina, Farrapos, Paraguai e todas as outras que se seguiram, inclusive o movimento da legalidade na década de 60).
O que quero sim, é falar do gaúcho enquanto gênero humano, e que muitos chamam de egocêntrico, separatista e se achando o gás da coca-cola.
Em todas as lutas, o Rio Grande e os gaúchos, lutaram para continuarem sendo BRASILEIROS.
Formou-se no Rio Grande, uma cultura que espraia-se por todo o planeta. E é única!
Quem duvidar, passe uns dias na bela Laguna em Santa catarina. Desfrute uns dias nas praias do Rio de Janeiro e percorra o pantanal brasileiro e o norte e nordeste.
Em qualquer lugar do Brasil, onde prenunciar-se progresso pacífico e ordenado, se observar com olhos de ver, verá ao longe, talvez no alto de algum morro ( porque coxilha só existe no Rio Grande), uma sombra confundindo-se com a moldura da natureza.
Uma sombra, de forma mitológica. Na forma de centauro... Homem e cavalo. Em silêncio, fica observando... cuidando... de lança em punho, pronto para o combate em nome da liberdade dos homens de bem.
Fraterno Abraço
André

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Eu Sou do Sul - 1ª Parte

Não vou me arvorar à historiador. Fatos e cronologia, vou deixar para quem se interessar se aprofundar. Recomendo Carlos Reverbel, Apolinário Porto Alegre, Martin Fierro, Josué Guimarães e tantos outros.
Meu escrito será de amor e de respeito, sem a obrigação de ser científico e nem de ser poeta ufanista.
Pra falar do Rio Grande, e principalmente para tentar explicar (aquilo que eu considero um estado de espírito e não um aspecto geo social) o gauchismo, faz-se necessário entender-mos e conhecermos a origem. Freud disse que se quissessemos conhecer a humanidade, deveríamos entender a origem, e a origem pode estar retratada no mito.
No começo, esse pedaço do mundo não era considerado algo próspero pelos poderosos de Portugal e Espanha.
Portugal, pelos tratados, era a dona e para o continente, só eram enviados os desvalidos da sorte, "personas non gratas" na côrte, meretrizes e aventureiros sem nenhum crédito.
Nativos, eram os amerídios (charruas, minuanos, guenoas e etc), que aos poucos eram castrados de sua condição liberta em nome do deus trazido pelos jesuítas.
Jaime Braun, definiu essa raça como :" Rei de mim mesmo. Senhor da natureza selvagem, com a religião da coragem e o sol de bronze na cor!"
Depois, vieram os paulistas ( na verdade portugueses bandeirantes), que por desisteresse ou medo logo optaram por explorar lugares mais próximos da segurança do poder central.
E depois, tivemos quase três séculos de continuas chegadas de povos estrangeiros, fundamentalmente os europeus ( portugueses, espanhóis, italianos, alemães e outros em menor quantidade) e os africanos (na condição de escravos) e que força e obra dos desejos e das paixões foram se misturando, e dando origem ao que hoje na campanha gaúcha é conhecida como a raça "pelo duro".
Ainda neste primeiro texto, é bom saber que o Rio Grande dos séculos XVI, XVII e XVIII, na verdade era um teatro de muitas guerras, na grande maioria delas tendo como antagônicos os espanhóis e os portugueses.
Eu disse na grande maioria... Mas em TODAS tinha um elemento que em TODAS lutou. E mais. Lutou pela sua própria sobrevivência. O índio liberto, antes de qualquer intervenção estrageira.
Acho que é neste elemento antropológico que devemos buscar a origem de nossa natureza libertária, guerreira e diferenciada dos demais brasileiros.
Acho que é ai, que encontraremos a explicação de sermos tão orgulhosos por termos nascido gaúchos. Acho até, que é ai que encontramos nossa mais efetiva origem, e portanto vou me fixar neste elemento para seguir nesta série de textos sobre o Rio Grande do Sul.
Quando passo pelas planícies gaúchas, gosto de me imaginar voando livre pelos solos pampeanos, tal qual nossos mais remotos antepassados...
Mas... amanhã prosseguimos...
Fraterno abraço
André

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Gaúcho ou Ébrio da Harmonia???

Por ser um livre pensador, adepto e defensor de todas as liberdades, nunca serei capaz de censurar nada e muito menos de estabelecer conceitos e preconceitos.
Adoro quando comentários são publicados aqui e jamais moderei ou moderarei qualquer expressão.
Portanto, comentem...discordem... debatam... tudo é permitido. Só não prometo calar sempre, e as vezes pode ser que eu responda, da maneira que talvez esquente o debate... risos!
Recebi uma crítica velada dizendo que o meu texto que falou de alguns aspectos da noite Soteropolitana (de Salvador ) era muito legal para os bahianos, e que eu nunca tinha escrito assim pra abordar aspectos do meu Estado, ou seja o Rio Grande do Sul.
Eu poderia responder, citando a Elis Regina, que perguntada porque ela falava tão pouco do RS respondeu que não tinha ido ao centro do país para fundar um CTG.
Não vou responder assim, até porque se eu tivesse que fundar um CTG, provavelmente a cultura do Rio Grande que tanto amo, estaria destinada ao esquecimento.
Contudo, aos críticos digo que:
Nessas mais de cem postagens, MUITAS vezes abordei questões geográficas, culturais e sociais do MEU Estado, e em todas elas deixei claro meu sentimento de amor por tudo que é riograndense.
Acho contudo, que tem uns certos exageros ufanistas que até me agridem por ser um LIVRE.
Aliás, toda a história heróica dos gaúchos, se fundamenta nos princípios positivistas que nasceram embalados exatamente pela luta LIBERTÁRIA.
Não preciso estar de bombacha e bota no lombo de um cavalo pra ser gaúcho forjado com princípios farroupilhas. Aliás, conheço vários que andam em cima de uma prancha de Surf e que são mais gaúchos do que alguns ( eu disse alguns!!!!) ébrios que acampam durante 40 dias na Estância da Harmonia, cujo maior desejo é bater de facão 3 listras nos diferentes, por apenas serem diferentes.
Dito e esclarecido, amanhã começo a postar uma série de textos voltados exclusivamente à cultura gaúcha, sobretudo para que os leitores de todos os Estados do Brasil ( e até do exerior, pois modestamente sou lido também lá!), saibam como se vive, se pensa e se manifesta o pedaço mais meridional do Brasil, que nada tem a ver com o ébrio chato da Estância da Harmonia.
Fraterno Abraço
André

terça-feira, 5 de maio de 2009

A Noite Brincalhona da Bahia!

Tenho recebido, com humildade, porém cada vez mais convicto de meus princípios, algumas críticas ( queixas??) sobretudo no que se refere à minha incapacidade de ser religioso, ou para ser mais honesto e objetivo, ao meu ateísmo.
Todos que acompanham o meu trabalho ao longo dos anos, sabem que minha obrigação e minha dedicação, tem a ver exclusivamente com meus pacientes em primeiro lugar, e em segundo lugar com a psicanálise, e que isso impossibilita que meu discurso seja fundamentado em crenças religiosas ou em dogmas de fé, etc.
Aos que não sabem, sou psicanalista Freudiano, e meus princípios analíticos seguem os ensinamentos de Jaques Lacan, e de outras tendências que não se afastem daquilo que Freud preconizou, e que na minha opinião, é a mais eficaz forma de amenizar as dores da alma humana.
Dito isso, quebro o paradigma e hoje, para poder falar da Bahia, vou ter que me aventurar pelo campo religioso...
A noite de Salvador, é como se fosse um campo habitado por rebanhos necessitados de pastoreio como disse Jorge Amado.
Os caminhos tortuosos de Salvador, essa cidade de becos e ladeiras, levam todos à um lugar que se posso chamar de poesia.
Em cada ladeira um ebó , em cada esquina um mistério e em cada coração noturno um grito de súplica, e em cada encruzilhada em Exu solto na perigosa hora do crepúsculo.
Na Bahia, a noite nasce no cais, e dali ela invade a cidade ainda molhada do mar.
E a noite da Bahia, essa mulher vestida de preto, percorre os botequins alegres dançando nas rodas de samba, requebrando sensualmente suas carnes africanas e mexendo seus seios marinhos. E ela brinca não só nos ensaios do Olodum e da timbalada. Ela brinca nas rodas das iawôs ela se faz mais brincalhona ainda.
A noite baiana, desrespeitadora de regras, nessas rodas é o orixá mais aclamado. Cavalo de todos os santos, ela se apresenta em Oxolufã com seus cajados de prata, curvado Oxalá, Yemanjá parindo frutos do mar, Xangô do raio e do trovão, Oxossi das florestas, de Omolu com suas mãos doentes, de Oxumaré das sete cores do arco-íris, o dengue do Oxum e a guerreira Iansã dos rios e fontes de Euá.
Todas as cores e todas as contas, as ervas de Ossani e suas mandingas, seus feitiços, suas bruxarias de sombras e luzes.
Do terreiro, a noite sai para os puteiros mais pobres onde as mulheres idosas vivem seu último tempo de amor e as meninas recém chegadas da área rural aprendem o difícil ofício de meretriz.
Mas ainda assim, é a noite da Bahia. Feita de prata e ouro, brisa e calor. Santa e puta que necessita de presentes para enfeitas ombros e braços, e gargalhadas, e cada ai gemido, cada soluço, cada grito, cada praga e cada suspiro de amor.
O Jorge já citado aqui disse, que pastorear a noite da Bahia, e tratá-la como se ela fosse um rebanho de inquietas virgens em idade de ter homem.
Fraterno Abraço

André