O meu primeiro projeto literário, lá no ano de 2008, tinha como título uma expressão traumática: Eu Não Posso Calar! A Triste História dos Escravos da Pedra!
Cheguei a escrever alguns capítulos mas abortei o projeto por razões absolutamente pessoais e em nenhum momento deixar de tratar clinicamente todos os casos estudados.
Estou abortando neste momento um outro assunto recorrente. E não por razões pessoais. E isso também não significa que eu abandonarei casos clínicos que estejam ou estarão sob minha responsabilidade terapêutica.
Me explico, já pedindo licença à Dra. Laura Nunes da Cunha minha editora, e aos meus colegas criadores de conteúdo da página Reflexões da Psicanálise da rede social Facebook, onde são publicados minhas crônicas originalmente publicadas no Blog e em outas mídias.
Insisto; retomo o assunto por considerar que o problema é recorrente e as notícias estão ai todos os dias pra qualquer pessoa que saiba ler saiba que se trata de algo grave.
E como é reverberado pelo sindicato médico do RS " A informação é o melhor remédio!"
Publiquei algumas crônicas alertando e expondo minhas razões à cerca da "glamourização" da prostituição principalmente nas redes sociais e na verdade em todas as mídias.
Então, recebi muitas mensagens de apoio e agradecimento pelo texto e pelo serviço que se prestava.
Recebi também muitas mensagens me chamando de recalcado, sectário, preconceituoso, veado, idiota, filho-irmão-marido-namorado-primo-sobrinho e tudo o mais de prostitutas, corno, e outas coisas que os queridos leitores podem imaginar.
Não me ofendi por me chamarem de veado. Nem de idiota. Nem de ser qualquer coisa de prostitutas. E na verdade nem qualquer coisa que possam ter dito para me atingir o meu emocional que aliás, é bem analisado.
Mas não sou recalcado. Nem sou sectário. Nem sou preconceituoso.
Reitero que pessoalmente acho que uma das mais terríveis humilhações humanas é o exercício do poder de um ser humano sobre outro ser humano. E se esse exercício é na relação sexual é tão cruel quanto as torturas e os pelourinhos da escravidão,
A ONU alerta. A imprensa brasileira alerta e recentemente a polícia federal do Brasil e da Espanha resgatou mulheres que estavam sendo submetidas à todas as agruras imagináveis.
A Espanha , diga-se de passagem, é o país europeu com maior incidência dessa prática criminosa que é o tráfico de pessoas. E no Brasil existem aliciadores em todas as capitais especializados em levar mulheres pra "trabalharem" principalmente nas regiões de Barcelona e Madri.
Prometem ganhos de milhares de euros. Raras mulheres voltam com algumas centenas de euros. A maioria sobrevive em prostíbulos infectados dos subúrbios de Madri ou Barcelona e quando não morrem, sofrem com a tuberculose, a anemia, e todas as DSTs.
Insisto.
Podem chamar do que quiserem: Acompanhantes VIP, Modelos de Book Rosa, Garota de Programa, e até como já ouvi alguém falar, Menina de catálogo em sites destinado para adultos.
Na verdade, em qualquer lugar, Porto Alegre, Rio, Brasília, Paris, Madri ou Barcelona, serão sempre tratadas de forma humilhante. E sempre serão chamadas e classificadas como mulher-dama, meretriz, alcouceira, quenga, marafona, rameira, mariposa, ou simplesmente prostituta.
E toda vez que eu achar necessário não vou calar. Porque mães, filhos, pais, irmãos, amigos e todos que amam essas mulheres expoliadas e humilhadas, só terão voz quando a voz não terá mais sentido de ser ouvida.
Esperando todas as censuras,
Fraterno Abraço
André Lacerda - Psicanalista