Por isso, vou insistir na questão da drogadição, especialmente na epidemia chamada Crack, e que todos aqueles que me leem sabem que é tema de meu livro que deve ser concluído até o final do ano.
Contudo, hoje não vou falar da relação droga versus drogadito, mas vou falar dos instrumentos que o sistema de saúde pública (municipal, estadual e federal) tem utilizado (ou tentado utilizar) no combate à drogadição.
Acho que acima de tudo, antes mesmo desta questão ser vista como de saúde pública, a questão da drogadição tem que ser vista como uma questão de EMERGÊNCIA, e em todas as áreas (saúde, segurança pública, educação, administração e desenvolvimento e até mesmo econômica).
Me explico:
Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, o uso de drogas e especialmente o uso do crack, tem consequência direta nos seguintes aspectos sociais:
- 2/3 da violência doméstica ( entre casais e entre pais e filhos) ocorrem por conta do vício, que além de tudo provoca aumento de crianças e adolescentes de rua em virtude da desagregação familiar;
- No trânsito, 75% dos acidentes fatais estão ligados ao abuso de drogas; 61% das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito e 56,2% dos que sofreram atropelamentos apresentavam níveis toxicológicos positivos;
- No aumento da violência e da criminalidade, 68% dos homicídios culposos, 82% dos assaltos, 74% dos assassinatos e 84% dos roubos, estão ligados ao uso de crack e outras drogas;
UFA!!!!!!!!!!!! Assustador né????
Na minha opinião, o instrumento que pode ser mais efetivo nessa questão são os Centros de Atendimentos Psicossociais que já estão espalhados por todo o país. No entando, a autoridade pública deve atentar para o seguinte:
1) 95% dos casos que requerem intervenção clínica, são iniciados nas emergências dos Hospitais Gerais, onde depois de 24 horas (ou 12) são abandonados pelo sistema, até mesmo porque, NÃO CHEGAM ao alcance do serviço de atendimento psicossocial;
2)Na imensa maioria dos casos, é evidente que os casos de drogadição chegam num primeiro momento nos serviços de pronto atendimento (Prontos Socorro, Emergências de Hospitais), e sabe-se que na maior parte das vezes, não são aqueles que se prepararam para trabalhar no campo psicológico os primeiros a terem de atender as pessoas que apresentam um distúrbio emocional agudo;
3)Acredito, por experiência teórico- clínica, entre outras premissas, na de que o Serviço de Atendimento Psicossocial deve iniciar-se mesmo naqueles locais não usuais aos atendimentos psi, ou seja: enfermarias de hospitais gerais, ambulatórios, pronto-socorro, etc;
Atentem, que EMERGÊNCIA, termo originário do latim (emergere), refere-se à ação de emergir, sair de onde estava mergulhado; mostrar-se; situação crítica, acontecimento perigoso ou fortuito.
URGÊNCIA, também vindo do latim (urger), significa urgir, estar eminente; perseguir de perto; tornar imediatamente necessário; exigir; conclamar; instar; não permitir demora.
Na prática, observa-se que a angústia que mostra um paciente ou um familiar diante de uma situação que ultrapassou seu limiar de contenção, demanda nossa ( nossa no caso dos psicanalistas, psiquiátras, psicólogos, etc) intervenção de forma iminente.
Então autoridades:
A emergência é aquilo que emerge, que dá tempo, que deverá ser tratado adequadamente para que não se transforme em urgência.
Por isso, dizem os números de todas as estatísticas, o placar está em 95 para o crack, e 5 para o sistema. A pedra maldita está dando um banho de bola!
Fraterno abraço
André
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