quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Águia caída e a Camaleoa salvadora!

Me lembro com exatidão daquela manhã de 9 setembro. Fazem exatamente 12 meses. Morador da Assunção, iniciei minha rotina diária descendo de carro pela Rua Bororó, pegando a Avenida Guaíba, e foi ali na frente do Veleiros do Sul que começou a cair minhas fichas.
A agenda de minhas atividades clínicas e pessoais estava lotada. Meus projetos estavam à mil, e eu voava à mais de 100 rumo ao cotidiano que eu tanto prezava.
Na minha cabeça enquanto dirigia, refazia a agenda pensando no primeiro paciente daquela manhã de sol pintada na orla do velho Guaíba.
Foi quando o carro parou. Bem no portão do Veleiros... o carro parou!
Claro que isso é simbólico, mas aquele carro parado por vontade dele mesmo, produziu em mim uma certeza ((in) consciente??)  de que o limite de meu voo havia chegado.
Impotente, pedi socorro. E o socorro me atendeu.
O meu socorro naquela hora, veio em forma de camaleoa, correndo loura e linda num joggin preto e uma camiseta branca calçando tênis de correr brancos com detalhes em rosa.
Fiquei pasmado vendo ela correndo, subindo a Av Guaíba, e a força e velocidade dela, eram antagônicas ao que eu estava sentindo e vivendo naquele momento.
Ali eu vi que tal a águia no fim da primeira metade de sua vida, eu tinha chegado no limite.
Estava impossibilitado de tudo, pois meu bico de águia tinha se fechado e não podia roer minhas garras que crescidas e envelhecidas impossibilitavam a renovação de minhas penas.
Senti que o carro parado, na verdade era o fim de meu voo e a queda começara.
Ainda em queda, a camaleoa me amparou.
E foi ela quem me fez ver que a única maneira de revoar, era escolher uma montanha pedregosa qualquer, para tentar começar o segundo ciclo de minha vida.
E ela nunca esteve distante enquanto eu tomava a melancólica decisão de bater com o bico velho na pedra, quebrá-lo todo, e ter paciência para que o bico novo nascesse.
E ela estava lá quando de bico renovado, roí as garras velhas até sangrarem os dedos na esperança de que novas garras viessem.
E quando as garras novas vieram, a camaleoa me encarojou à usá-las para arrancar sem pena, todas as penas velhas.
Acho que agora, tal como a águia, estou na época de esperar a chegada das penas que depois de reformadas vão me alçar à novos voos, e a novas alturas.
Neste período, mesmo eu distante muitas vezes, a camaleoa estava sempre me amparando...
O carro??? Ah... era só a mangueira da gasolina que se soltou...
A águia??? só um símbolo... assim como o carro enguiçado na frente do Veleiros.
A camaleoa??? Ela EXISTE! ESTÁ COMIGO!!!!!!!!!
E juntos podemos ser observados neste momento de mudança de plumas... E juntos, seremos observados em nosso voo panorâmico nas manhãs primaveris de uma beira de rio.

Fraterno abraço
André        

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