sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Psicopatia: O Plus da Novela!

Em tempos em que as psicopatologias viraram tema de novela e que na minha opinião, são discutidas debilmente e levadas ao público de uma maneira irresponsável, me auto recruto para aprofundar um pouco mais o tema com meus amigos daqui, e que oxalá, estes sejam difusores de uma discussão absolutamente importante para o contexto atual.
Precisamos esclarecer o uso que fazemos do termo psicopatia.
Recorrendo ao Dicionário Aurélio, o leitor leigo que quer se familiarizar com este conceito depara-se com três acepções possíveis:
1. designação comum às doenças mentais;
2. estado mental patológico caracterizado por desvios, sobretudo caracterológicos, que acarretam comportamentos anti-sociais;
3. psicose.
Ao meu juízo, o que interessa aqui é a psicopatia em seu sentido específico, ou seja, a segunda acepção acima. A generalização para as doenças mentais se justifica etimologicamente ( psico+pat+ia).
Em psicanálise, o interesse no estudo das afecções mentais inicidiu primeiramente naquelas diretamente acessíveis à investigação analítica,e, dentro desse campo mais restrito que o da psiquiatria, as principais distinções são as que se estabelecem entre as perversões, as neuroses e as psicoses. Para a psicanálise, portanto, a psicopatia não entra na categoria das psicoses.
Apesar de não ser um tipo de paciente comum em consultório ( "graças a deus!", diriam alguns), é importante saber reconhecer a dinâmica e as características de personalidade do psicopata. Principalmente por ser ele um grande dissimulador. O diagnóstico de psicopatia deve ser preciso, pois pode se tornar um rótulo pelo qual o indivíduo sofrerá consequências jurídicas sérias. Também o fará ser visto como praticamente inelegível para qualquer tipo de intervenção clínica.
Freud abordou a psicopatia em sua obra "Tipos psicopáticos no palco" (1905). Lá o velho Sig está interessado em demonstrar os mecanismos psicológicos implícitos na apreciação de uma obra de arte, especificamente de uma peça teatral. Freud nos chama a atenção para o fato de que o teatro se originou nos ritos sacrificiais ( vide o bode expiatório ) no culto dos deuses, portanto tendo uma função catártica à medida que o personagem que sofre no palco libera parte do sofrimento comum a todos. É neste contexto que Freud analisa a peça Hamlet de Shakespeare, dizendo que " O Herói não é psicopata, mas somente se torna psicopata no decorrer da ação da peça", justificando, que por este motivo, o fato de que, ao participarmos do processo que leva Hamlet à sua "loucura", nos identificamos com ele e baixamos nossa própria resistência em reconhecer o conflito incosciente em jogo. Explicando:
Recordemos que Hamlet recebe uma ordem de seu pai, que lhe aparece na forma de fantasma, para que vingue a sua morte. Seu tio o havia assassinado e usurpado o trono, casando-se com a rainha (sua mãe). Para Freud, este drama ilustra o desejo de incesto presente no Complexo de Édipo, pelo qual Hamlet se identifica com o tio e revive seu conflito.

Portanto meu amigos, tenham todos um bom final de semana...
Fraterno abraço
André

4 comentários:

  1. Legal, estamos sempre aprendendo com o seu blog... abraços e boa sexta... Adriana.

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  2. oi querido Dr! aqui é sua amiga NADIA,logo vendo esta novela lembrei que gostaria que o senhor me indica-se um livro onde posso achar minhas duvidas sobre este asunto.
    um forte abraço amigo .

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  4. Vejo que o anônimo é da área, contudo não entendeu o sentido da proposta inicial do Blog. Aliás blogs, são peças informativas, e como tal, não o entendi e minha missão, é exatamente transmitir. Mas valeu! No texto acima, tem as seguintes obras:
    Psicopatia - Sidney Kiyoshi Shine ( Coleção Clínica Psicanalítica); entre outros ( que aliás, estarão elencados em obras consultadas de meus escritos publicados)
    Obrigado, caro anônimo
    André

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