Alguém de quem gosto e considero muito, e que sabe de todas as minhas atividades, vive me alertando pra duas coisas com muita ênfase: A primeira é que trabalho demais, e a segunda é que nos meus escritos me exponho demais.
Sinto decepcionar à quem me quer bem... mas não abro mão de duas coisas: 1) Exercer com dignidade meu ofício (e isso inclui trabalhar muito) e 2) Se me exponho falando a verdade, então que eu seja o sapo dissecado na feira de ciências do colégio.
Dito isso me explico:
Hoje, depois de realizar alguns exames clínicos (aliás agradeço à dedicação de meus médicos que insistem e me dar qualidade de vida útil...risos) recebi a notícia que sou um dos novos membros do clube dos cardiopatas (era só o que me faltava!!!risos ... mas não se alegre muito turma da gestapo e do doi codi, pois Danilo e equipe são guerrilheiros fanáticos na minha defesa...risos).
Exposto me explico:
Inexoravelmente preciso puxar o freio de mão, e dar uma relaxada... e por isso não serei tão intenso inclusive nas publicações. Aproveito e agradeço o carinho e compreensão dos meus contratantes responsáveis pelas mídias as quais escrevo.
Enfim... segue o baile!!!
Em se tratando de casos clínicos, quero falar hoje de dois casos que pode dar uma ideia de como pode ser intensa a relação entre o psicanalista e seus pacientes e inclusive de pessoas do convívio do paciente.
Não vou ser técnico ( e vai chover paulada da turma da gestapo) mas lembro que no último semestre de 2013, publiquei ampla série de textos extremamente técnicos falando da Transferência e da Contra Transferência que certamente estão nos arquivos do blog, do Reflexões, dos jornais, etc.
Caso Clínico 1:
Paciente homem, 28 anos, casado, heterossexual, depois de alguns meses de tratamento, numa tarde de sábado telefone pra casa do psicanalista:
- É da casa do Dr André?
- Sim. Mas ele não está. O senhor quer deixar recado?
- Não há necessidade eu tenho o celular dele. Mas a senhora é parente?
- Sim... posso lhe ajudar?
- Bem... a senhora pode achar estranho, mas a senhora poderia me informar a marca do perfume que o André usa?
-....... ( silencio na rede... ) Acho que ele não se importaria, mas o senhor pode me dizer porque o senhor quer saber? Lhe aviso que o André fica constrangido recebendo presentes...
- Não senhora...Deixa eu lhe explicar: Tenho sessões com ele nas segundas, nas quartas e na sextas feiras...Terças e quintas fico esperando a hora da sessão do dia seguinte, mas no fim de semana adoraria sentir o cheiro dele...a senhora pode me dizer a marca do perfume???
Caso Clínico 2:
Paciente mulher, 42 anos, separada, bissexual, depois de dois anos de tratamento, livra-se da dependência química (cocaína e álcool), retoma atividades profissionais na área do jornalismo, reconquista a guarda dos filhos e mantém tratamento psicanalítico com duas sessões semanais. Volta a viver enfim.
Certo dia, terminada a sessão, paciente já a caminho de casa, o interfone do psicanalista chama:
- Dr André, recepção!
- Mas senhora recepcionista, não tenho mais ninguém pra hoje. Algum encaixe de última hora?
- Não ... não é paciente...a senhora que está aqui disse que é a esposa da paciente que o senhor acaba de atender!
- Avise que só falo com parentes de paciente na presença do próprio paciente e com autorização do mesmo.
- Assim ela não quer. Disse que numa outra ocasião então. Obrigado!
O psicanalista veste o casaco... repensa o caminho da volta pra casa... tudo guardado na pasta e dirigi-se ao estacionamento.
Ao acionar o alarme do carro, um trovão o assusta sob a forma e sonido de uma voz raivosa:
- Seu grande FDP... Vou te quebrar a cara desgraçado!!!
- Mas senhora, porque a senhora quer quebrar minha cara??? Nem lhe conheço??!!!
- Mas conhece muito bem a minha mulher seu corno! Tu acabaste de atender ela! E por tua causa ela me deixou sozinha!
- Mas senhora, não sou dono das decisões de meus pacientes. Apenas ajudo a construir suas vidas da maneira que eles se sintam melhor!
- Vai te foder seu fresco! E Agora??? Como eu fico??? Não tenho mais companheira! Ela não cheira mais, não bebe mais e resolveu voltar para os filhos! Quem vai cheirar comigo? Quem vai beber comigo? E quem vai pagar meu aluguel??? Desgraçado nojento!
Aparece um providencial segurança e o psicanalista entra no carro e segue pra casa. Tranquilo... mas lembra-se da frase do Freud:
"Uma pessoa que, como eu, evoca o que há de mais perverso dentre os demônios parcialmente domados que habitam a besta humana, e tenta enfrentá-los, não pode esperar sair incólume desta batalha!"
Fraterno abraço
André
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