quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Análise e Comentário do Mito Eros e Psiqué!

Os símbolos presente neste mito são, como dissemos muito significativos. O próprio amor aparece nele como símbolo, algo a ser desvendado. Assim também é com as duas deusas, uma representa o amor dos sentidos, Afrodite, enquanto a outra é o amor personificado na alma, manifestação metafísica. Psiqué é a inteligência, o amor em forma, idealidade. Isto é; a paixão.
O “estar apaixonado” é uma característica suprahumana, e a humanidade ainda não a sabe dominar, ou se quer conviver com este estado de espírito. É um estado da subjetividade de cada um que, muitas vezes , ao objetivar-se perde-se no objeto. É um estado de crise, em que algo deve nascer como projeção do inconsciente ao nível do consciente, não para se materializar, mas para constituir-se como força metafísica na constituição do si mesmo. Quando alguém se apaixona, seu ser é carregado para estados inebriantes, para níveis de consciência muito acima dos comuns, além dos que algumas pessoas têm capacidade para suportar.
É preciso saber diferenciar amar e estar apaixonado. Amar alguém é ver a pessoa como realmente ela é, e apreciá-la pelo ser que é, com suas falhas, com suas banalidades e sua infinitude.
Se pudermos desfazer-nos da cortina de nevoeiro das tantas projeções que fazemos na vida, a distinção entre amar e estar apaixonado tornar-se-á mais fácil.
Amar nada tem de ilusório; é ver o indivíduo, vê-lo, mas não através de um determinado papel ou imagem que tenhamos planejado para ele. Amar é dar valor à individualidade daquela pessoa, dentro do contexto do mundo comum
Estar apaixonado é outra história, é uma intrusão, para o melhor ou para o pior, é uma inundação de sentimentos e emoção, proveniente de um mundo divino. De repente, vê-se no ser amado um deus ou uma deusa, e através dele, ou dela, vislumbra-se um estado de ser além do pessoal, além da consciência. Sem limites.
O , ou A apaixonada, olha “através” um do outro. Cada um deles está apaixonado faltando uma idéia ou um ideal, ou ainda faltando uma emoção. Estão apaixonados pelo amor, pela idéia de amar no outro o amor de si, projetado na ânima ou no ânimus do outro. É ilusório, não dura, se desfaz com a revelação, torna-se comum e não raro, enfadonho, tedioso. O grande desafio dos apaixonados é manter-se em tal estado, sem objetivar suas emoções. A paixão não se traduz em amor automaticamente, é preciso um aprendizado para se passar do ideal para o real , da paixão para o amor, do finito para o infinito. Estar apaixonado é estar tocado pela deusa Psiqué, sempre pronta a revelar-se como ilusão. Já o amor tem mais a ver com Afrodite, enquanto Eros é a fonte da dúvida entre uma e outra.
A lâmpada e a faca são símbolos. A faca é aquela capacidade destruidora que a mulher tem para afogar o homem com um torrente de palavras. É o comentário arrasador, causador de confusão. A lâmpada, faltando seu lado, simboliza o discernimento, a capacidade de revelar o valor de seu homem com
a luz de sua consciência
O mito diz que Psiqué, ao acender a lâmpada, vê que realmente desposara um deus . Fere o dedo em uma de suas flechas e se apaixona pelo amor. Imediatamente após, perde-o. Como é comum essa experiência em pessoas que enxergam divindade no ser pelo qual se apaixona !
Amar é estar junto com o outro indivíduo, criar laços, somar-se a ele. Estar apaixonado é olhar através da pessoa e com isso perdê-la, inexoravelmente. Tragédia significa ver o ideal e não conseguir atingi-lo.

Entretanto, pode-se transformar a paixão em amor, e é o que os relacionamentos bem sucedidos conseguem.
Este mito oferece ainda outras chaves interpretativas, abrindo-se para a compreensão da personalidade feminina, ânima, que habita a essência do inconsciente masculino que busca sua outra metadade, saudoso da sua androginia.
Amanhã,veremos a origem das deusas Afrodite e Psiqué!
fraterno abraço
André

2 comentários:

  1. Olá André,

    Sou estudante de Letras, e estou elaborando meu TCC. Achei alguns artigos em seu blog muito interessantes, já que meu tema envolve as Teorias de Robert Johnson elaboradas a partir do mito de Eros e Psiquê. Estou precisando de algum livro, além dos de Robert que aborde o tema da Psicologia Feminina, podes me indicar algum???? Agradeço pela atenção e parabéns pelo Blog.

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