quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Os Rótulos que nos Decifram???

Comentando um crônica do L.F. Veríssimo, um dos mais brilhantes advogados do RS, meu amigo, me induz com o seguinte questionamento: "E mesmo sem rótulos André, quem somos nós afinal? Como viemos parar aqui? De onde saímos e para onde vamos?"
É lógico meu caríssimo Doutor, que não posso responder cartesianamente nenhuma das questões, e acho que ninguém pode.
O próprio Descartes nos mostrou que não podemos confiar plenamente em nada imperfeito, nem mesmo nos nossos sentimentos que tantas vezes acreditamos perfeitos.
Contudo, com a licença poética que a psicanálise permite, acho que posso dar seguimento às demandas oriundas de seu questionamento, num verbo conjugado num modo imaginário, onde o significado fica submetido à entendimentos próprios e individuais.
Supondo que conseguissemos nascer sem rótulos, creio que seríamos o somatório de nossos desejos, inclusive aqueles escondidos nos mais profundos porões de nosso inconsciente. Desta forma, seríamos vistos na essência. Sem as máscaras que muitas vezes nos protegem dos nossos próprios demônios (?), e seríamos vistos como Prometeus híbridos que não precisariam de abutres para comer os fígados expostos.
Teríamos vindo numa nave abastecida pelo desejo de outros, propulsionada pela fusão de combustíveis poderosos cujos princípios ativos foram tirados da paixão, do encontro, da convivência, do amor e até do ódio.
Teríamos saído, prezado amigo, de um lugar indizível, e por isso inexistente, constituído de todos os elementos originais: Água, Terra, Fogo e Ar. E mais alguns elementos que habitam nosso imaginário como: Fé, esperança, crença, inteligência, afetos, vaidades, orgulhos, etc...
E teríamos saído, exatamente pelo desejo absoluto e inexorável de todos os elementos constituintes de nosso lugar original e inexistente.
E para onde vamos enfim?? Nem a poesia me permite elucubrar sobre isso. Talvez, do pó ao pó, das cinzas às cinzas... quem sabe...????
Contudo, um questionamento que o senhor não fez, e que eu incluo nessa demanda:
Onde estamos??
Acho que estamos num lugar iluminado pelo fogo trazido por aquele mesmo Prometeu híbrido, e andamos pelos salões, pelas casas e pelas cidades, mascarados por uma forma nebulosa que inebria peremptoriamente, a imagem do que somos, como viemos, de onde saímos e para onde vamos.
Assim.... resta-nos os rótulos...
Abraço Doutor
Do seu amigo André

Fraterno abraço à todos e até a próxima.

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