Para Lacan, o inconsciente se reduz à função simbólica. Em sua obra, o desejo humano é causado pela estrutura, é estrutura em si mesmo, pois desliza, como faz o significante.
A ideia de explicar o desejo, a partir de um deslizamento incessante do significante, é muito atraente, pois ilustra, tanto o aspecto de isca que o objeto desejado tem, como também porque o sujeito tem uma sequência infinita de objetos desejados. Também separa o desejo da fonte biológica, dando prioridade ao aspecto simbólico sobre o fisiológico ou material. De todo o modo, resta explicar a relação entre o simbólico e os aspectos fisiológicos, temática que não escapa à inteligência de Lacan, quando procura compreender a articulação das ordens simbólica e real.
Lacan nos propõe uma versão do desejo e sua relação com a linguagem, que é bastante elaborada. Pensa-a de três maneiras diferente: duas são estritamente linguísticas e a terceira introduz um fator alheio à cadeia significante. Em um sentido ontológico, o desejo surge porque há linguagem; em um enfoque mais moderado, a linguagem é modelo para o desejo, trata-se de uma analogia ou de uma metáfora: o significante desliza e supõe-se que acontece a mesma coisa com o desejo e, ao mesmo tempo, seu resultado. É o objeto que se liga à fantasia. Este terceiro modo de raciocinar possui uma independência relativa dos outros dois.
Fraterno Abraço
André
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