terça-feira, 19 de novembro de 2013

Retorno à Freud - A Maturidade

Em 1918, terminada a I Guerra, os livros de Freud começam a ser procurados com grande interesse e a ser traduzidos em várias línguas. Em todas as partes do mundo suas teorias eram discutidas  e seguidas, sobretudo nos meios culturais, apesar da oposição de pessoas de ideias antiquadas.
As descobertas de Freud sobre o inconsciente tinham também grande aceitação entre artistas, escritores e pintores. André Gide, um dos diretores da Nouvelle Revue Française, pedia autorização para a publicação das obras de Freud. Romalin Rolland e Stefan Zeweig visitavam-no e correspondiam-se com ele. Contatos íntimos pessoais e através de cartas estabeleceram-se com Arnold Zweig e Thomas Mann, fascinados pela perspectiva psicanalítica que tanto enriquecimento trazia a seus romances. Os surrealistas notavam mútuas confirmações entre suas inspirações e a descrição da psique dada pelo fundador da Psicanálise. André Breton, autor de Manifesto do Surrealismo, de 1924, aconselhava o usa da associação livre freudiana na escrita automática, para poder extravasar no papel a misteriosa riqueza das vivências mais profundas. Entre os que escreveram obras literárias em consonância com a Psicanálise, podemos lembrar: René Laforgue, F. Scott Fitzgerald, Aldous Huxley, James Joyce. O Pintor Dali, não somente quis visitar Freud, mas, traduzia em consonância  com ele, através de seus quadros, a complexidade conturbada da dimensão do inconsciente. Também a escola expressionista não se distanciou do reconhecimento dos dramas e conflitos humanos tão claramente captados por Freud.Com o passar do tempo, outra forma de arte, o cinema, interessou-se pela interpretação psicanalítica das personagens e de seus relacionamentos; dava-se idêntica perspectiva no teatro. Em 1936, quando já se delineavam no horizonte os perigos de uma perseguição nazista contra Freud, este recebeu, por ocasião de seu aniversário, como prova de estima e solidariedade, uma declaração trazida por Thomas Mann e assinada por mais de 191 escritores, entre os quais Romain Rolland, Jules Romains, H.G Wells, Virgínia Woolf, Stefen Zweig e outros importantes literatos.
Outra característica freudiana chama a atenção se olhar a foto (imagem de hoje) da reunião de 1929 em Oxford, onde observa-se o grande número de mulheres psicanalistas ao lado de seus colegas homens. Se pensamos que nas primeiras décadas  do século XX a mulher, por ser injustamente desvalorizada, era praticamente ausente nos meios científicos, devendo contentar-se, em caso de trabalho,  com empregos ínfimos, podemos facilmente concluir que o ambiente que Freud criara ao redor de si favorecia a colaboração igualitária  das mulheres, através de escritos e de iniciativas nas novas técnicas de tratamento.
Cito as que algumas que estavam presentes  na reunião de 1929 : Anna Freud (a dedicada filha de Freud que se tornou psicanalista especializada em crianças), Edith Jacobson, Melita Schmideberg, Karen Horney, Joan Rivière, Melanie Klein ( futuramente conhecida pela sua técnica de tratamento  e teoria referentes à criança), Ruth Brunswick, Barbara Low, Marie Bonapate ( fiel amiga de Freud já citada nesta série), Ella Sharpe , Helene Deutsch, Sybille Yates, Hermine von Hug- Hellmuth (que descobriu a técnica do brinquedo como instrumento para análise de crianças), Mira Oberholzer, Dorothy Burlingham, Eva Rosenfeld, Anny Katan, Marianne Kris e a brilhante Lou Andreas-Salomé que ingressou no movimento em 1912 já com 51 anos, e contribui para este com reflexões, pesamentos e dados por 24 anos. Até 1937, ano de sua morte.
estas foram as primeiras correligionárias da causa psicanalítica. Citei os nomes para facilitar,ao interessados, a eventual busca no "google" os nos manuais da literatura psicanalítica.
Vejam... isso, nas primeira décadas do século XX... Os amigos leitores lembras de alguma outra prática humana tão inclusiva com relação as mulheres antes da revolução da década de 1960???
Ainda sobre o apogeu, cabe dizer que Freud foi amplamente reconhecido:
Em 1921 eleito membro honorário da Sociedade Holandesa de Psiquiatria e Neurologia.
Em 1925, lord Balfour, em discurso famoso de Jerusalém, referiu-se aos três homens que mais tinha influenciado o pensamento contemporâneo, citando Bergson, Einsten e Freud. 
Em 1930, recebe o Prêmio Goethe de literatura.
Em maio de 1935, designado membro honorário da Royal Society Of Medicine.
Em 1936, eleito membro honorário da Associação Psiquiátrica Americana, da Associação Psicanalítica Americana, da Sociedade Psicanalítica Francesa, da Sociedade Neurológica de New York e da Real Associação Médico-Psicológica.

Fraterno abraço
André
          

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