quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Retorno à Freud - Os Escandalizados!

Antes de escrever o texto da série atual, quero comentar uma coisa que tenho acompanhado pelos jornais nos últimos dias. O caso da menina de 16 anos que tem sua foto mostrando os seios divulgada nas redes sociais pelo namoradinho também adolescente. A menina se matou quando se viu semi nua na rede, e antes do suicídio, avisa sua melhor amiga que iria faze-lo pois não suportaria a vergonha que o fato produziria. A amiga avisa aos familiares, mas estes chegam atrasado. Quando chegaram em casa a menina estava morta. O fato se deu essa semana no Rio Grande do Sul, e está nos jornais.
Pensemos meus amigos... qual foi a causa do suicídio?
Foi o fato de o garoto ter postado a foto da namorada semi nua na rede?
Foi o fato dela ter ficado semi nua numa web cam num momento de intimidade com seu namoradinho?
Foi o fato  da menina viver numa sociedade em que a (in) cultura estabelecida nega-se a tratar a sexualidade como uma matéria humana e por isso deveria ser tema obrigatório (nos moldes da realidade humana e não dos moldes do preconceito e da repressão) entre pais, filhos, médicos, psicanalistas, professores e todos os segmentos sociais???
Reflitam...
À propósito, no capítulo de hoje, vou mencionar  os eventos que deixaram muitos escandalizados quando Freud expôs a teoria da sexualidade...Mas isso foi no início do século passado né???? ( risos )
Os primeiros trabalhos de Freud não tiveram, quando publicados, eco na cultura dominante,  que preferiu ignorá-los. Os poucos eventuais leitores não formavam coro. Por exemplo, em 1900, num congresso de neurologistas e psiquiatras em Halle (Alemanha), sobre a patologia da histeria, ninguém citou Estudos sobre a Histeria publicado por Freud cinco anos antes. Mas, a partir de 1906, com a publicação de Três Ensaios e O Caso Dora, o silêncio não pôde mais ser mantido. Então, a cultura vigente, amparada por uma moral dita "sã", mas na realidade preconceituosa, e por uma ciência que preferia ignorar os processos psíquicos inconscientes e a sexualidade, com sua origem infantil, começou a berrar altos seus "retro-satanás", esperando assim solapar, nas bases, uma teoria e técnica que pareciam ameaçar a manutenção imobilizadora do status quo. E isso não somente na Áustria e na Alemanha, mas também na Inglaterra, Canadá, França, Hungria, etc.  
Seira impossível reunir aqui, todos os impropérios e acusações que Freud recebeu quando, com suas descobertas, foi sentido como o perturbador do doce sono em que descansava a humanidade. Contamos com um bom registro, feito por Jones em sua biografia de Freud, especificamente sob o título "Oposição". 
Embora com o passar do tempo a reação de opróbrio se apaziguasse bastante, ela foi particularmente acentuada nos anos que antecederam a primeira guerra mundial. Nessa época, o fundador da psicanálise e seus adeptos foram considerados perversos sexuais que favoreciam a licenciosidade; irresponsáveis que ameaçavam os altos valores da sociedade; paranoicos que avaliavam os outros pela perspectiva da própria loucura.
Em 1910, o professor Weygandt, num congresso em Hamburgo exclamou horrorizado:
"Esse ( a Psicanálise) não é um assunto que mereça ser discutido numa assembléia científica; é a polícia que se deve ocupar disso."
Em Budapeste, na Sociedade Médica, quando Ferenczi terminou uma conferência sobre a obra de Freud, foi informado tratar-se de pura pornografia e de que o lugar adequado para todo analista era a cadeia. No congresso de neurologia de Berlin ainda em 1910, o célebre professor Oppenheim propôs que se boicotassem todos os estabelecimentos onde as ideia freudianas fossem toleradas. Então, todos os presentes, inteiramente de acordo com a sugestão, levantaram-se, proclamando a própria inocência. Incentivando ainda mais o pathos, nessa atmosfera de caça às bruxas, o professor Raimann proclamou então:
" O inimigo deve ser perseguido em sua guarida!"
Em compensação, alguns anátemas daquela época soam hoje muito divertidos. Em 1910, num congresso na associação americana de neurologia, em Washington, o neurologista Joseph Collins referiu-se à tudo estudo psicanalítico como um trabalho "cheio de histórias pornográficas a respeito de puras virgens". Em Hamburgo, no mesmo ano, Weygandt afirmou que as interpretações de Freud nada mais eram do que "baixa literatura"; que seu método era perigoso porque provocava nos doentes ideias sexuais e que seu tratamento equivalia a "massagens nos órgãos genitais". Em 1912, Allan Starr, na Academia Médica de New York, qualificou Freud de " O libertino de Viena". Para Oppenheim, o relacionamento que se estabelecia no tratamento psicanalítico era uma forma moderna de "bruxaria delirante".
Enfim... ainda bem que isso era no início do século passado... né??? Ainda bem que as coisas mudaram e hoje, sabemos que quando o tema é sexo, não existe mais essa coisa de expulsar do paraíso ou necessidade de suicidar-se né??? ou não????

Fraterno Abraço
André
    

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