quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Freud de Olho no Erro!

Algum tempo atrás escrevi um texto (Os erros do suposto saber) onde reconheci meu erro na escuta de uma paciente e me retratei publicamente. Depois da dose de realidade que recebi naquele caso, acho que minha escuta analítica foi beneficiada pelo fato de eu me obrigar a entender todas as linguagens. Inclusive aquelas que estavam gramaticalmente fora do contexto.
E no texto de hoje, quero retomar o assunto. E sei que muita gente boa vai me condenar a queimar na fogueira ainda existente da inquisição ( isso é uma metáfora amigos da patrulha neo fascista).
Vou falar dos erros. E vou falar das três áreas que conheço. 
Os médicos estão errando muito. A mídia e os Conselhos Regionais e o Conselho Federal dão testemunho disso rotineiramente, com notícias on line e em tempo real.
Os advogados estão errando muito. Apesar de não ser advogado e nem ter pretensão de um dia ser, tenho formação acadêmica jurídica e gosto do Direito enquanto Ciência Social. Os erros dos advogados estão igualmente na mídia cotidiana, e nas provas e nos processos administrativo da Ordem dos Advogados do Brasil.
E... cortando na própria carne: Os psicanalistas estão errando. E os erros verificam-se por eles mesmos quando se manifestam (sem conhecimento devido) nas mídias. Me explico:
Recentemente, vi num desses canais a cabo, uma manifestação de um colega psicanalista, que perguntado sobre as questões da histeria masculina detonou:
" Essa questão da histeria masculina é discutível."
A jornalista meio surpresa (ela deve ter lido mais que o psicanalista) pergunta: "Como assim Doutor???"
Nosso herói lança a seguinte pérola:
" Na própria obra do Freud tem um conceito de que o termo histeria vem do termo grego hysteros que significa útero, o que exclui o homem dessa perturbação."
Não acreditei... e como dizem no meu amado Rio Grande, Me caíram os butiás do bolso!!!!!
Acionei o repeat que as operadores de TV oferecem... e repeti... muitas vezes... e verifiquei... Ele não estava brincando... ele estava sério.
O que consta na obra do Freud é totalmente diferente. Quando o mestre em Viena, apresentou na Sociedade de Psiquiatria seu trabalho em conjunto com Charcot ( A Histeria Masculina) foi ridicularizado. E Freud conta o episódio com certa ironia:
"Um dos cirurgiões presentes pôs em dúvida até meus conhecimentos culturais perguntando-me se eu não sabia que histeria vinha do termo grego hysteros (útero) e até meus conhecimentos médicos pois perguntou-me se eu não sabia que homens não eram dotados daquele órgão."
Então...
Em 2013, escrevi uma série onde abordei a teoria de Lacan e uma série onde  abordei a evolução da obra de Freud. As séries, foram publicadas em todas as mídias que escrevo que, por questões contratuais só posso citar o Blog O Criador e a Criatura (www.aelacerda.blogspot.com) e a página do Face Book  Reflexões da Psicanálise onde sou criador de conteúdos com outros colegas.
Vou retomar nesse incio de ano essa abordagem mais técnica. Vou inciar amanhã com a pré história da técnica analítica. Vou dedicar aos leitores leigos e aos pacientes. Mas ficaria feliz se meus escritos de alguma forma ou de outra, pudessem evitar erros tão básicos com os do colega televisivo.
Fraterno Abraço
André


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