Devo permanecer no tema, pois os comentários foram muitos e muitas vezes questionadores. Entendo que o tema "Constituição do sujeito" em Lacan, é algo que deve ser muito debatido e creio que na medida em que cresce o questionamento, evolui o entendimento. Então sigamos:
Para Lacan, o complexo de Édipo se desenvolve em três momentos, dos quais o estágio do espelho constitui o primeiro. O devir psíquico transcorre desde a identificação narcisista, na ordem imaginária, até a identificação simbólica com a Lei do pai, ao concluir o Édipo. Entre estes dois pontos, situa-se o momento em que a relação diádica com a mão marca a criança, definindo sua identificação com o outro, ou melhor, como o desejo do outro. No estágio do espelho, a criança se identifica com uma imago antecipatória de si mesma. m um segundo momento, fá-lo com o desejo da mãe. Finalmente ao assumir a castração e compreender que nem seu pai nem ela são o falo, que somente podem transmiti-lo de geração em geração, ingressará na ordem simbólica, aceitará a lei. Este último passo constituiria o que, tradicionalmente, é denominado de " dissolução do complexo de Édipo", embora, na realidade, os três estilos de identificação coexistam, misturando-se durante toda a vida.
O tipo principal de identificação, com o qual funciona um sujeito, tem grande importância psicopatológica. Lacan propôs que tanto as psicoses como as perversões se assentam mas em um estilo identificatório da ordem do imaginário, do que da ordem do simbólico. O não aceder à ordem do simbólico, à lei, produzirá no psicótico, segundo Lacan, o uso peculiar da linguagem que o caracteriza. O psicótico tem um vínculo com sua mãe no qual não há espaço para um terceiro, não há lugar para a triangulação edípica. A mãe ilude o filho com a crença de que ele é seu falo, o filho vive a ilusão de sê-lo. A ausência do pai (não me refiro aqui à ausência real do pai, mas à sua ausência no discurso da mãe) obstaculiza o ingresso do sujeito na ordem do simbólico. Mãe e filho compartilham uma ficção e, na verdade, esta ficção é a psicose.
Amanhã, vou abordar dentro do mesmo contexto a questão da agressividade.
Fraterno Abraço!
André
Nenhum comentário:
Postar um comentário