quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ainda falando do Papel do outro (a) na constituição do Sujeito)

Espero que tenham gostado do texto anterior  e continuo no tema, evoluindo para melhor entendimento e quem sabe atender expectativas frustadas... risos
Ensina Lacan:

" O ponto importante é que esta forma situa a  a instância do eu, ainda antes de sua determinação social, em uma linha de ficção, irredutível, para sempre, pelo próprio indivíduo; ou então, que só assintoticamente tocará o devir do sujeito, seja qual for  o êxito das sínteses dialéticas por meio das quais tem de resolver, enquanto eu (je), sua discordância a respeito de sua própria realidade."

Como vimos na citação acima, eis o velho e bom pedantismo intelectual do mestre...risos
Mas, elaboremos... risos...
Somente pelo fato de viver com outros homens, os seres humanos ficam presos, irreversivelmente, em um jogo de identificações que os impelem a repetir aquela relação com a imago antecipatória. Quando uma mulher diz a seu filho: "és a criança mais linda do mundo", o está introduzindo nesta dialética, da qual a criança, futuro adulto, jamais poderá escapar. A introdução do registro simbólico, através da problemática edípica, atenuará ou modificará estas imagos especulares, mas nunca conseguirá acabar com elas.
O Eu assim constituído é, para a teoria lacaniana, o ego ideal, diferentemente do ideal de ego. O ego ideal é uma imago antecipatória prévia, o que não somos mas queremos ser. Imagem mítica, narcisista, cujo alcance persegue o homem incessantemente. A estátua, o uniforme, o herói são significantes com que o ser humano substitui aquela ilusória assimetria primitiva. O ideal de ego,pelo contrário, surge da inclusão do sujeito no registro simbólico. Por ser impossível e tornar esse personagem lendário, poderoso, perfeito, o indivíduo aceita fazer parte de uma estrutura, da qual é perpetuador. Seu papel é transmitir a lei. É apenas um elo da cadeia: o homem entregará a seus filhos o nome ( e as normas) que, por seu turno, recebeu de seu pai, que as recebeu de seu próprio genitor, e assim sucessivamente.
Portanto, o ingresso na conflitiva edípica constitui o grande desafio às ilusões narcisistas forjadas no estágio do espelho. Mas estas marcam, de maneira definitiva, o que sucederá no Édipo. Assim, o ego ideal e o ideal de ego estão em permanente luta e interação.




Fraterno abraço
André  

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