Por semanas, abordei aqui assuntos relativos à teoria lacaniana. Foram tratados aqui :A constituição do sujeito, a transferência, o sujeito do suposto saber, a palavra plena e o ato simbólico.
Nesta sequencia de comentários ( que já estão em IV), faço comentários pessoais da série publicada. Na dúvida, consultem as publicações anteriores que ainda estão nos arquivos.
Dito isso... comento:
Os enfoques linguísticos de Lacan podem ser discutidos. Muitos não aceitam a primazia do significante, apoiando a ideia de de um equilíbrio ente este e o significado. Também é acusado de um reducionismo, em sua conceptualização do inconsciente. Porém, mesmo assim, não se pode negar a originalidade das teses lacanianas, nem deixar de reconhecer os problemas que resolve ou as vias que inaugura. A ideia de Lacan evita uma dificuldade, apresentada na proposta freudiana de inconsciente, a qual, apesar de sua grande utilidade clínica, complica-se teoricamente quando tem de harmonizar fenômenos biológicos com outros que não o são (representações, linguagem e sentimentos). A proposta de Lacan, por mais questionável que possa ser, parece simples e harmônica com o que se procura estudar. É metáfora ou realidade que o inconsciente está estruturado como linguagem?
Indubitavelmente, é um acerto da teoria lacaniana pôr a prioridade fálica como centro da sexualidade humana. Não se pode subestimar o interesse de um tema que tinha ficado um tanto relegado, devido ao auge das teorias das relações objetais. Mas faz algo mais: de uma maneira que não se tinha feito até então, relaciona a significação do falo, em um sentido antropológico geral, com a conflitiva neurótica. Continuam a sair, da inspiração lacaniana, teorias, observações, opiniões. Como fazer justiça a tantas questões ao mesmo tempo? fala-se da relação do sujeito com a cultura, da que existe entre a linguagem com a psicanálise e o inconsciente, também lembremos sua diferenciação entre desejo, necessidade e demanda, a criação dos três registros (real, simbólico e imaginário), a concepção do desejo humano, a proposta de um homem, alienado entre o desejo do Outro e do outro, a imbricação da linguística com o sintoma, a importância dada, no homem, ao simbólico e a convenção significante. Lacan ensinou a pensar a problemática da castração, tanto em relação à ordem imaginária ( ser o falo ou ter o falo, confundir a pessoa com a lei), quanto à estrutura significante, portanto a ausência, a falta, está presente, dentro de um sistema de relações, como carência de ser do sujeito enquanto significante.
E amanhã prosseguimos...
Fraterno abraço
André
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