quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Comentários de Publicações Anteriores II

Então sigamos....
A obra de Lacan, impressionantemente por seu nível teórico, pela formalização que alcança e pela vastidão de seu gênio criativo, aparece como uma renovação profunda dos esquemas conceptuais psicanalíticos. A convergência de preocupações da psicanálise com outras disciplinas do tipo filosófico, antropológico e linguístico admite muitos vértices de análise. A concepção lacaniana do sujeito não é a mesma que a da estrutura do inconsciente ou da técnica psicanalítica. Nenhuma obra é homogênea e, menos ainda, uma obra desta magnitude. Quantos Freud existem? Há o sagaz observador da natureza humana e, também o cientista materialista lamarckiano do século XIX, o criador de teorias especulativas e o clínico rigoroso. A obra de Lacan é heterogênea, como também o é a de outros grandes psicanalista. Melanie Klein, por exemplo. Por acaso não se poderia aceitar nela a genialidade de seus achados clínicos e a profundidade de seu pensamento, questionando, simultaneamente, outros aspectos de sua obra, como as proposições genéticas ou instintivas??
Embora seja pouco provável presumir uma avaliação equânime do pensamento lacaniano, tenho tratado de tentar me aproximar, deste ponto virtual. Ideias anteriores e outras experiências clínicas influem em nossa perspectiva. A dificuldade de aprender uma língua nova, quando uma pessoa é adulta, consiste em que sua língua original atua como "tela" psicológica, obstaculizando o acesso ao outro idioma. Algo semelhante nos acontece ao estudar Lacan.
Na obra de Lacan  a qual aliás, abordamos poucos pontos básicos aqui, sobressaem a originalidade e a audácia de seu pensamento. Cria novos modelos, para pensar os problemas da psicanálise, entre eles a relação do inconsciente com a cultura.
Lacan usa o ardil da convivência humana dentro do movimento psicanalítico. Apenas quando sua posição se afirma, estabelecendo-se a liderança, pode destacar as diferenças entre  sua obra e a de Freud.
Penso que sua reformulação é muito profunda. Modifica-se o eixo de referência da teoria e metapsicologia. 
É disso que trataremos nesta série de comentários. 

Fraterno abraço
André 


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