Lembra Lacan, em seu informe de Roma, que o inconsciente é a soma dos efeitos da linguagem. A transferência, de acordo com as preposições de Freud, expressa-se em um interrupção do discurso, em um fechamento do inconsciente. Mas, por isso mesmo, a presença do analista deve ser vista como uma expressão de sua existência. Acrescenta: " Podemos chegar a crer que a opacidade do traumatismo- tal como é mantida em sua função inaugural pelo pensamento de Freud, isto é, para nós, a resistência da significação - então é considerada, principalmente, como responsável pelo limite da rememoração. Depois de tudo, poderíamos nos encontrar, comodamente, em nossa própria teorização, reconhecendo que então se dá um momento muito significativo da transição de poderes do sujeito ao Outro, ao que chamamos de grande Outro, o lugar da palavra, virtualmente o lugar da verdade."
Concluí Lacan:
"Em vez de ser a transmissão de poderes para o inconsciente, a transferência é, ao contrário, seu fechamento."
No mesmo manifesto de Roma, Lacan critica duramente a psicologia do ego e a sua proposta de si aliar à parte sadia desta instância psíquica. Propõe que, quando se apela ao ego, ignora-se que é exatamente esta parte que está interessada na transferência e que, portanto, é quem "fecha a porta", deixando " a bela" ( o inconsciente) atrás dela.
Recordemos os último, a proposta freudiana relativa a que a transferência é uma das expressões da compulsão à repetição e, definitivamente, da pulsão de morte. Fiel à sua teoria da estrutura inconsciente, Lacan postula que a repetição é um efeito significante, não se reduzindo a um fenômeno emocional.
Assim, encerro a série sobre a transferência, e abro caminho para amanhã, conversarmos sobre o Sujeito do Suposto Saber...
Fraterno abraço
André
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