quarta-feira, 25 de março de 2009

Vergonha de Ter Saudade!

Acho que comecei a viajar com olhos de ver, pelo início da década de 80, ainda adolescente.
Tenho saudades de uma época, sobretudo quando me deparo com as mudanças.
Era triste por exemplo, percorrer a BR 101, naquele trecho Rio de Janeiro - Bahia.
Era comum observar meninas de 13 ou 14 anos, que ofereciam seus corpos e noites de prazeres na boléia por um prato de comida.
Já ali, saindo do Rio, na entrada da cidade de Campos, ao norte do Estado, tem ainda hoje uma churrascaria, que se não me fala a memória o proprietário é gaúcho.
Quando comecei a viajar, ali era o referencial que seria o último lugar do Brasil pra cima, onde se poderia beber água da torneira (vejam que isso era no início da década de 80).
Algumas meninas, mal despontando os seios, faziam ponto na tal churrascaria, e se o passante oferecesse um rodízio de carnes, seria o proprietário legítimo de suas próprias carnes (delas), e poderíam inclusive levá-las para onde fossem, com o aval dos pais (logicamente que depois de alimentados).
Pois é..
Maldito seja eu.... que sinto saudades desse tempo....
Eu explico.
É comum hoje, em todas as estradas desse país, encontrar-mos crianças à partir de 8 anos oferecendo-se pra tudo. Mas tudo mesmo.
Passando Ilhéus, existe uma tabela de "honorários" que vão de 50 centavos por programas sexuais, até a fortuna de 15 reais por homicídio encomendado.
Claro que tudo isso, pode ser negociado por pedras de crak. E isso é que me deixa saudoso do tempo em que a podridão humana era APENAS desencadeada pela fome.
O alerta vermelho está ligado minha gente...
O crak está acabando com aquilo que nos é imperdível.
Sei que estou sendo repetitivo e as vezes até emocional demais...
Mas lhes digo: Não vou parar de gritar esse alerta!
Essa droga maldita, está transformando meninos e meninas em monstros sem nenhuma referencia humanista e afetiva.
Sinto vergonha de ter saudade do tempo em que o gatilho da demência e da sujeira humana, só era acionado pela falta do ralo prato de feijão com farinha.
Fraterno Abraço
André

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