sexta-feira, 17 de abril de 2009

Amamentando Cobras!

Sexta da graça... Dia de festa, enfim... uma historinha pra encerrar a semana!
Minha historia de hoje, conta como personagem uma velhinha daquelas do interior. Sem maldade nenhuma... sem nenhum pecado.
Sozinha no mundo, a velhinha amava plantas e animais e à eles se dedicava.
Uma bela manhã, a velhinha na rua, indo comprar o leite e o pão, depara-se com uma cena que lhe comoveu. Ali, estirada no meio da rua, toda machucada, quase morrendo, uma cobra.
A velhinha num primeiro momento com certo cuidado - afinal: cobra é cobra - verificou que o estado da serpente era deplorável. Provavelmente o animal ia morrer.
Mas não seria ela, uma velhinha bondosa que deixaria uma criatura de deus morrer assim, sozinha e sofrendo no meio da rua. Então, com todo o cuidado, a velhinha pega o animal quase morto, o embrulha carinhosamente em sua manta como se uma criança fosse, e o leva pra casa.
Em casa, acomoda a serpente em uma caminha feita ao lado da sua, e começa a tratar dos ferimentos com dedicação sacerdotal.
Lava os cortes, prepara e aplica unguetos e alimenta. Alimenta o corpo doente e alimenta o espírito enfraquecido e solitário, e assim, nossa velhinha acaricia até a alma da serpente.
Nos primeiros dias, a velhinha até usava sapatinhos de veludo para não perturbar o sono da cobra ferida.
E acordava várias vezes durante a noite a fim de cuidar de sua hóspede enferma. E assim, desenvolveu-se uma relação de extremo afeto que ia fazendo o milagre da cura. A cada semana, a cobra apresentava surpreendentes sinais de recuperação.
Passaram-se muitos dias... e a medida que o estado de saúde da cobra ia melhorando, mais intenso ficava o afeto que a velhinha desenvolvia pelo animal.
E foi numa bela manhã primaveril, na hora da primeira refeição, que algo aconteceu!
A velhinha debruçada no berço da cobra, estende a mão com a mamadeira de mingau ( a cobra era tratada como criança) para o desjejum do ofídio. Assusta-se com o movimento rápido e certeiro produzido pelo bote da cobra e depois do susto sente a dor de duas presas injetoras perfurando seu pescoço inoculando veneno mortal na regiao da aorta.
Morrendo, a velhinha olha para a serpente que ainda estava pingando veneno e pergunta:
"Minha filha... eu te tirei da rua, ferida, quase morta e sozinha... Te limpei as feridas e curei teus cortes....Aliviei tuas dores... e te dei o meu amor... por que me mataste???"
Naquele tempo, as cobras falavam... e sendo assim, a cobra, ascendeu um Marlboro light com um isqueiro Zippo, deu duas tragadas com enorme prazer, e sentenciou:
" Pois é bondosa velhinha. Tu fizeste por mim o que ninguém faria. Me acolheu, me curou as feridas, salvou minha vida e me deu até o que nunca tive: Amor. Tu só cometeste um erro!"
A velhinha, num último sopro de vida ainda pergunta:
" Qual foi meu erro???"
A Serpente, limpando o canto da boca por onde ainda escorria um pouco da peçonha, respondeu:
" Esqueceste que eu sou uma COBRA!"

Moral da história????
Cuidado com as cobras que tu amamentas!
Fraterno Abraço
André

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